No filme “O Som do Coração”, a relação dos indivíduos com a música é apresentada de forma íntima e até “mágica”. Esse contato com a música, no entanto, não é possível para setores mais carentes da população brasileira, sobretudo da que necessita de iniciativas públicas para frequentarem atividades culturais, o que reflete a desigualdade socioeconômica brasileira e impede o desenvolvimento musical destes indivíduos. É necessário notar, à princípio, que o ensino de músicas nas escolas não só é útil para o desenvolvimento criativo dos alunos, mas também insere o indivíduo em um meio cultural valorizado pela sociedade, por meio do qual ele se interessa e se esforça para mostrar o seu valor na comunidade em que vive. Deste modo, consoante ao pensamento de Kant, “O homem é aquilo que a educação faz dele”, o aluno deixa, por meio da educação, de se inserir em um contexto de falta de acesso aos meios culturais e transforma-se em um agente desse meio. O que impede, no entanto, a utilização da música como ferramenta transformadora e não conteúdista é o mau gerenciamento dos investimentos públicos na área, inibindo a valorização da profissão e a possibilidade de criar um local adequado para a disciplina, contendo, por exemplo, instrumentos musicais. Esses fatores tornam um ensino de música um desafio às escolas brasileiras. Diante do cenário brasileiro, portanto, o Ministério da Educação deve, buscando mais investimentos junto ao Governo Federal, adequar as escolas públicas com instrumentos e espaços necessários ao ensino de música. Em complemento, deve-se criar uma parceria entre as escolas públicas e universidades que oferecem a graduação e m música para que os graduandos realizem trabalhos e estágios supervisionados nas escolas e recebam bolsas para a realização dessas atividades. Assim, será possível que, como no filme “O som do coração”, todos tenham a possibilidade de acesso à música e seus benefícios, independente de sua situação econômica.