Como já dizia Bertol Brecht, analfabeto político é aquele que não vê que a política está em seu cotidiano, como no preço do feijão, do sapato ou mesmo sendo a responsável por uma crise econômica, e é aquele que vai às ruas protestar dizendo que seu movimento não é político ou que defende uma "Escola sem Partido", que é, por definição, uma tomada de posição. Desse modo, podemos considerar a população brasileira como analfabeta política, já que seu único ato como cidadã é feito nas urnas, não estudando sobre seus direitos, deveres ou mesmo participando ativamente da política. Consequentemente, relega-se o fazer político apenas àqueles eleitos, que passam a governar segundo seus próprios interesses, até que a economia sofra algum revés, quando a população, então, aumenta sua percepção sobre a política e o resultado de suas ações. Nesse momento, a força de manipulação da mídia aumenta sobre tais analfabetos - já que o interesse da população pela política aumentou -, fazendo da consciência das elites midiáticas a consciência da população, diminuindo ainda mais a capacidade de politização do povo, gerando uma sociedade de ativistas polarizada, sem preparo, sem engajamento, movida a argumentos prontos, frágeis, rápidos e a temas midiáticos. Assim, passamos a vivenciar uma crise de representatividade - a medida em que não sabemos mais em que e no que acreditar - e que se reflete na política, na mídia, na sociedade, na economia e nas relações interpessoais, que é, basicamente, a situação em que o país se encontra. Infelizmente o caminho para se consertar isso não é fácil, pois é necessário educar as elites para que elas entendam que elas também ganham com uma população mais consciente - como a queda dos índices de violência. Isso pode ser feito por meio de campanhas do MEC voltadas para as escolas particulares, além, é claro, de alterar o currículo escolar para que todos os alunos tenham noção de seus direitos, deveres e de como a política funciona, bem como por professores conscientes desse papel nas suas turmas. E uma vez que essa elite conscientizada esteja no poder, ela pode fazer reformas que democratizem as mídias a fim de gerar pluralidade de ideias.