Os brasileiros têm demonstrado cada vez mais que não são passivos politicamente e seu descontentamento com a gestão pública resultou recentemente em grandes manifestações. Essas manifestações são marcadas principalmente por revolta quanto as decisões tomadas pelos governantes que muitas vezes parecem não priorizar o bem-estar social. Certamente, num sistema político representativo como o brasileiro é impossível ouvir a todos ou agradar a todos, porém o que se tem visto são medidas que não agradam a quase ninguém, como aumentos de impostos para cobrir dívidas geradas pela má administração da máquina pública. No entanto, se por um lado isso desperta a consciência política de muitos brasileiros, por outro gera uma descrença de muitos no poder do voto como ferramenta para a mudança. Exemplo disso, são os diversos casos de corrupção, envolvendo políticos, que demoram anos para serem julgados pelo Judiciário, o que gera um sentimento de impunibilidade no Brasil e a descrença na política em geral. Com isso, a população além de não contar com os serviços básicos de qualidade, como prevê a Constituição, ainda tem que arcar com os déficits da má gestão pública, aumentando ainda mais a insatisfação do brasileiro e o sentimento de não representatividade política. Ademais, esse expressivo número de casos de corrupção fez com as manifestações de junho de 2013 contra o aumento das tarifas dos transportes evoluisse para uma luta contra a corrupção e pela reforma política, mostrando que o povo exigia ser ouvido e ter seus direitos exercidos. A indignação da população se converteu não somente no grande número de manifestantes nas ruas mas também nos levantamentos estatísticos, como do site Expertise que mostrou que mais de 85% dos entrevistados consideram a crise políticoeconomica grave e 75% consideram que há também uma grave crise ético-moral no Brasil, o que comprova que cada vez mais os brasileiros têm ficado em alerta com as ações dos governantes. É importante salientar que as manifestações de 2013, bem como as de 2015, fortaleceram a luta contra a corrupção, porém alguns resultados obtidos por essas lutas na escala federal não chegaram a sair do papel ou sofreram algum revés. A mobilidade urbana, a saude e a educação, que faziam parte das propostas de melhoria em 2015 feitas pelo governo, foram afetadas por uma redução de investimentos devido à aprovação da PEC do teto de gastos, o que diminuiu a credibilidade do governo perante os brasileiros. Entretanto, a pior consequência não foi essa, mas sim o distanciamento de muitos brasileiros do interesse político, a medida que se enfrequeceu a ideia de que o voto é a força motriz para a mudança. À luz dos fatos, é importante salientar que as mudanças obitdas, sejam elas grandes ou pequenas, são importantes provas de que a sociedade civil deve continuar lutando por seus direitos. Portanto, para que se tenha uma melhor representatividade no poder, os cidadãos brasileiros devem acompanhar continuamente as ações dos políticos para garantir que eles estejam pondo em prática suas promessas de campanha e fazendo uma gestão eficiente e limpa. No que cabe ao governo, deve-se reduzir a morosidade do Judiciário por meio de mais contratações de funcionários para acelerar o julgamento dos acusados de corrupção com foro por prerrogativa de função e diminuir a descrença do povo na Justiça brasileira que por vezes já demorou quase uma década para condenar alguns políticos. Com isso, muitos retomarão sua consciência política para continuar lutando pelas mudanças e pelas melhorias no país.