Desde o surgimento da República brasileira até o momento atual, as inúmeras crises políticas coexistem junto à população. Casos como o impeachment de Fernando Collor, em meados do século passado, e, hodiernamente, a queda da primeira presidente mulher brasileira, Dilma Rouseff, exemplificam o enraizamento das crises brasileiras e levanta questionamentos acerca da consciência política no país. Em primeiro lugar, é crucial destacar a existência dos chamados “currais eleitorais”, prática advinda da primeira República brasileira. De acordo com Michel Foucault, em todo e qualquer relacionamento humano há a existência de relações de poder intrínsecas. Sob essa perspectiva, pode-se inferir que a permanência de incontáveis indivíduos na política brasileira é possibilitada graças às práticas de favorecimento de terceiros e atrelada, também, à enorme compra de votos. Como consequência disso, a corrupção torna-se algo hierarquizado na sociedade. Segundo Habermas, o agir comunicativo, preconizado por Platão na dialética, tem sido continuamente negligenciado nos tempos modernos, como é perceptível na atual conjuntura política brasileira. O sistema de democracia vigente no Brasil é o representativo, o que sugere a realização dos anseios da população por meio dos governantes escolhidos de forma eleitoral. Porém, percebe-se que a vontade da maioria tem sido desconsiderada, como foi o caso do prosseguimento da denúncia de corrupção do presidente Michel Temer, o qual foi apoiado em boa parte pela população, mas que foi vetado pelos próprios representantes do povo. Fica evidente, portanto, o cenário de caoticidade quanto às crises brasileiras e sua relação com a consciência política, necessitando de medidas para contorná-lo. O Tribunal Superior Eleitoral deve formular planos de intensificação da fiscalização a respeito de qualquer ato ilícito, seja por compra de votos ou por beneficiamento, assim como, junto ao setor legislativo, elaborar leis mais rígidas quanto à corrupção. Outrossim, o Governo Federal deve criar assembleias públicas para ouvir os anseios e as necessidades gerais da população, além de organizar rotineiramente pesquisas de opinião em todos os estados do Brasil acerca de projetos políticos propostos no Congresso. Assim, tornar-se-á possível findar progressivamente esse problema advindo de séculos passados.