Na obra machadiana Esaú e Jacó, a singela Padaria do Império é palco da máxima politização e demonstra o quão escassa fora a participação popular no processo de Proclamação da República, não tendo nem mesmo ciência dos processos que fulminariam nesta. Semelhante à ficção e mais próximo da contemporaneidade, percebe-se ainda carências na consciência política da sociedade brasileira em meio as crises enfrentadas pelo país, seja pela polarização de idéias extremos, ou mesmo devido ao desinteresse político de muitos. Discussões em redes sociais de cunho político radical são comuns, havendo julgamento de valor pelo simples posicionamento político ao qual o cidadão pertence, excluindo e ridicularizando aquele com pensamento divergente. Contudo, o que não é percebido por esses que agem dessa forma é que o exagero relacionado a grupos políticos faz com que ambas partes sejam prejudicadas, uma vez que ao não entrarem em consenso não terão como juntarem forças e lutar mais fortemente e de modo organizado pela resolução de problemas comum na sociedade, sendo que a petição feita por maior número de indivíduos causa maior pressão, aumentando possibilidade de melhoria. Outrossim, há cidadãos que se intitulam apolíticos, não buscando interar-se do que se passa no plano político. No entanto, tal denominação seria inexistente se bem avaliada, uma vez que ao viver em sociedade o cidadão é um ser político, como dito por Aristóteles, “o homem é um ser naturalmente político e relacional”. Desta forma, o que ocorre devido a essa autodenominação errônea é um indivíduo alienado, sem consciência do que é necessário modificar para melhorar a sociedade a qual faz parte, esta atitude talvez seja fruto de incredibilidade com a qual as pessoas tem com seus representantes públicos, acreditando que estes não iram buscar benefícios ao povo, independente de suas necessidades e reivindicações. O Estado deve, portanto, investir amplamente na educação, para que o cidadão conheça a história passada e possa aprender com esta, além de ter embasamento em sociólogos para analisar o mundo no qual vivem. Ademais, os servidores públicos devem realmente servir ao bem público, sendo os casos de desvio de verba devidamente punidos e com os recursos repassados aos locais que necessitam de investimento. Além disso, a mídia deve dar espaço a discussões políticas, trazendo à programas especialistas na área que possam ampliar a visão da população sobre o que se passa no país. Por fim, é necessária que o indivíduo mantenha-se aberto a informação, dos mais diversos tipos de opinião, para que possa formar um pensamento coerente a sua realidade.