O Brasil possui em sua história diversos momentos de crise em que nota-se uma mobilização das massas. Contudo, um fator que também permeia o histórico brasileiro é o individualismo, a ausência de uma consciência política que inclua a maioria da população. Assim, as crises nacionais historicamente criam na maioria dos cidadãos uma consciência fragilizada e momentânea. Durante a formação da sociedade brasileira até suas mais recentes dinâmicas populacionais- como a migração de retorno para o nordeste- ocorrem problemas que frequentemente geram crises. Isso decorre do fato dessas mudanças muitas vezes serem ignoradas pelo planejamento governamental, causando, por exemplo, uma falta de estruturas como saneamento básico ou hospitais. Desse modo, o cenário de crise é frequente e quando a população se mobiliza, na maioria das vezes cobra melhorias, entretanto esses eventos são pontuais e normalmente estão motivados na esfera privada. Além disso, a consciência política de uma sociedade é algo construído por processos que se somam, por meio da história de uma nação. Em países que há uma política vista como eficiente, como a Alemanha, há uma cultura de constante revisão dos feitos políticos, a permanência de símbolos do nazismo como os museus em locais que antes eram campos de concentração reforçam esse processo. Sendo assim, a própria política brasileira não auxilia na formação de uma consciência social, na troca de gestão muitas vezes se desfaz ações daquela que a sucedeu, evitando exatamente o processo de análise do passado. Portanto, embora as reivindicações recentes visam melhoras mais amplas como a questão do transporte e a corrupção, o histórico brasileiro explicita que a maioria dos cidadãos agem devido ao âmbito pessoal, o que fragiliza a consciência política da sociedade. Um modo de fortalecer esse processo de conscientização é criar e divulgar na imprensa, grupos que reúnam o meio acadêmico e a população para debater questões sociais, e com isso fomentar a visão crítica da sociedade para além do âmbito individual.