As teorias aristotélicas acerca do âmbito político enunciaram que a participação do ser humano na tomada de decisões civis na Cidade-Estado era uma virtude que contribuía para a prática do bem social. Tendo em vista esse ideal, milhares de brasileiros realizaram manifestações na década de 80 com o intuito de resgatar os direitos políticos que, a priori, haviam sido reprimidos e negligenciado pelos governos militares. No entanto, com as contemporâneas crises morais e econômicas vivenciadas no país, pontua-se que expressiva parcela da população, desacreditada do sistema democrático vigente, tem declarado repúdio à política e, em casos mais extremos, tem disseminado ideias em prol de discursos autoritários e anti-democráticos. A "Constituição Cidadã", de 1988, garante voto secreto e universal e o direito à luta por causas sociais sem que haja censura a inibir a liberdade de expressão. Todavia, os cenários instáveis enfrentados pelo Brasil nos tempos atuais geraram um elevado sentimento de desconfiança populacional para com as instituições democráticas, tais como o direito de eleger candidatos e o exercício da manifestação opinativa. Destarte, surgiram grandes nomes políticos que, com discursos autoritários e até neofascistas, acabaram por convencer parte do país de que o regresso a sistemas repressores seria cabível para a superação da crise moral vivenciada hodiernamente. Esse fenômeno, que tem ocorrido também em esfera global, assume o nome de "Pós-Verdade", uma vez que se pensava que, estando extintos os governos ditatoriais do século XX, as sociedades tomariam o hábito de priorizar a consciência política. Por outro lado, é cabível afirmar que a quase escassez de debates dotados de senso crítico intrínsecos a diálogos do senso comum propicia o espalhamento de boatos e "hoaxes", notícias falsas da internet, de maneira a resultar no alienamento político de grandes contingentes populacionais causado pela falsa circulação de dados e fatos. Assim, é corroborada a recorrente citação do ex-Ministro da Propaganda Alemã Joseph Goebbels: "uma mentira, quando dita mil vezes, torna-se verdade impecável", fato este refletido pelas inconsistências de opiniões públicas observadas no cidadão brasileiro contemporâneo. Portanto, visando à consolidação do usufruto da consciência política na nação, é dever do MEC, Ministério de Educação e Cultura, propor atividades na grade curricular nacional que extrapolem os limites da sala de aula, levando também as discussões geopolíticas para os familiares e responsáveis dos estudantes, de modo a fomentar a criticidade populacional diante dos adversos contextos que tem maculado o atual sistema de governo democrático. Ademais, faz-se necessário que as secretarias públicas realizem visitas em domicílios e palestras pautadas no uso consciente dos meios de comunicação, obtendo-se, a posteriori, uma sociedade que não mais se contentará com a indiferença quanto ao cenário político, do contrário munirá-se de conhecimentos e almejará a mudança da realidade nacional.