Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas “Memórias Póstumas” que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: atualmente, alguns políticos despem-se de valores éticos e morais em nome de partidos e interesses particulares. Reverter esse quadro mobilizando toda a nação – eis a missão de um país que lutou muito pelos direitos políticos, mas desconhece seu papel de eleitor. É válido considerar, antes de tudo, o déficit na educação política brasileira. A fim de aproveitar-se dessa fragilidade, partidos utilizam-se de linguagem sugestiva e apelos sensoriais nas suas campanhas - como promessas de melhorias na saúde, educação, qualidade de vida, dentre outros - para angarear votos principalmente dos eleitores menos favorecidos, os quais, desprovidos de senso crítico aguçado, acabam por se tornar alvos fáceis dessa estratégia de comunicação. Nesse contexto, percebe-se que as crises enfrentadas pelo país, são resultado da má gestão de governantes despreparados elegidos constitucionalmente pela população. Cabe apontar também o papel da mídia nesse processo. Os meios de comunicação são grande influência para a formação do pensamento político das massas, mas muitas vezes funcionam como estopim para manifestações de extrema violência. Prova disso são as recorrentes depredações e atos de hostilidade noticiadas em seus canais. É de suma importância noticiar os fatos mas, cabe a esses também divulgar medidas legais que podem ser adotadas sem a necessidade da força física, pois, a falta de instrução combinada aos recorrentes aumentos de impostos e escândalos de corrupção faz com que a sociedade perca a confiança no país, aumentando sua imagem negativa tornando ainda mais difícil sanar as diversas crises existentes. Fica evidente, portanto, que são necessárias mudanças na estrutura política atual, sem que ocorra o retorno nefasto da ditadura militar. Para isso, ONG's podem viabilizar palestras em empresas e comunidades para instrução dos direitos eleitorais e conscientização política. A mídia precisa exercer de forma plena sua função social, denunciando e coibindo abusos dos partidos por meio de campanhas que trabalhem a denuncia junto a soluções constitucionais não agressivas. Assim, poderemos, aos poucos, alterar a base governamental ao tornar a sociedade mais crítica e consciente ao eleger seus representantes, dessa forma, o país poderá tornar-se uma esperança de potência mundial novamente e também um legado que Brás Cubas pudesse se orgulhar.