O Brasil está numa situação bastante delicada, a crise está batendo na porta de muitos brasileiros, alguns estão migrando para outros países e outros ficam se lamentam que iriam também se tivessem a chance. Uns com a boca pequena, outros aos gritos dizem que não tem mais saída para a nação. O território brasileiro já teve muitas outras crises e todas elas foram enfrentadas e superadas, não será diferente com a crise atual, mais cedo ou mais tarde, será superada, mas na visão de muitos, o Brasil voltou a ser um país sem solução, eternamente condenado ao fracasso. A crise econômica é séria, mas ela não é a responsável por tanta desesperança. A devastação é consequência da nossa crise moral e fica fácil de entender o desapontamento do povo e para piorar esse sentimento, o governo pede sacrifícios à população e aumenta impostos, expande os benefícios dos congressistas e aumenta os salários do presidente, ministros, juízes e os seus próprios. Pois é, o país é rico. Negar os problemas e desafios que o Brasil vive seria, no mínimo, ingenuidade. A Operação Lava Jato abriu a caixa de Pandora. A queixa premiada ligou o ventilador. A sociedade já reagiu, como evidencia a maior manifestação já vista no país em quase 30 anos – as três últimas, de intensidades semelhantes, resultaram na redemocratização, no impeachment de Collor e a expulsão da Dilma Rousseff da presidência. E, desta vez, não ocorrerão transformações significativas na política brasileira? Improvável. Ao contrário do que temem os pessimistas, esta situação política e econômica não apenas tem solução – ela é a solução para a crise moral que vivemos. Sem uma crise de tamanhas proporções, dificilmente a sociedade brasileira se mobilizaria para mudar o país. O Brasil tem jeito, sim. A crise é o jeito. Não é à toa que o ideograma chinês para crise e oportunidade é o mesmo.