A situação dos resíduos urbanos no Brasil salienta os cenários de poluição ambiental e de fragilidade infraestrutural, assim como reflete o histórico da construção socioespacial e da discussão ecológica brasileiras. Atrelada a estes, a responsabilidade social relaciona-se diretamente como afluente em uma dinâmica permutativa entre sociedade e meio ambiente. A discussão ecológica mundial inicia-se na década de 1970 por causa dos efeitos da industrialização pesada e da Segunda Guerra Mundial, assim como o crescente uso nuclear na época da Guerra Fria. Neste contexto, muitos países subdesenvolvidos, como o Brasil, atraíam multinacionais e construíam parques industriais, contribuindo para a prosperidade econômica e repulsando o diálogo ambiental. Desse modo, a inserção de valores que permitissem debates e atenções nesse assunto foram freados, cujas consequências foram: o atraso na ação legislativa; o baixo grau de instrução populacional, intensificando ações como o descarte inapropriado de resíduos, e o retardamento de mobilização de ONG’s e programas comunitários como reflexo da responsabilidade social recente nesse aspecto. Outrossim, a marginalização de contingentes populacionais nos centros urbanos, que foi decorrente de uma urbanização não planejada (espontânea), contribui para o distanciamento de aplicações como a coleta seletiva de lixo e o saneamento básico, pois há dificuldade no acesso de complexos de moradia e instalação desses serviços. Embora haja avanços como a Lei dos Resíduos Sólidos, a situação dos dejetos e lixo urbanos é preocupante pois, por exemplo, somente 3% dos resíduos no Brasil são reciclados segundo a ABRELPE. Isto demonstra, por vezes, a precariedade logística que envolve a coleta inviabilizada (caminhões em vielas) e os postos de reciclagem e reutilização com aparato insuficiente e pouco suporte para desenvolvimento de novas técnicas Portanto, associações comunitárias e grêmios estudantis devem buscar maior índice de instrução da população, com a disseminação de palestras e material informativo (cartazes e folhetos) em ambientes escolares e públicos, para que se construa maior responsabilidade ecológica, descartando resíduos corretamente, por exemplo. Além disso, os Governos Municipais por meio das Secretarias do Meio Ambiente devem reestruturar a logística de coleta, dando suporte a pesquisas acadêmicas que forneçam novas alternativas e contratando agentes que utilizem novos meios de transporte como a bicicleta.