Título da redação:

A herança da exclusão

Proposta: A realidade do trabalho infantil no Brasil

Redação enviada em 31/03/2016

Uma frase bem aceita pelos pensadores modernos e disseminada na sociedade é que o trabalho dignifica o ser. Porém, como todas as outras coisas, somente é dignificante quando realizado no período correto. Quando não, torna-se uma atividade desgastante, subversiva e por vezes humilhante, ainda mais quando realizado na fase infantil. Diante dessa problemática, quais são as consequências no futuro para as crianças e adolescentes que precisam trabalhar? Como é possível reverter esse quadro? Não é de hoje que as desigualdades sociais são o retrato do Brasil. Apesar da amenização ocorrida década após década, as disparidades permanecem sendo fator de exclusão social para muitos, inclusive para os menores. Mesmo diante das leis de amparo e dos direitos garantidos constitucionalmente, muitas crianças e adolescentes, forçados pela necessidade de sobrevivência, veem-se fadados a abrir mão das suas garantias legais para trabalhar ilegalmente. Apesar da longa e gradual diminuição do trabalho infantil, sendo esse consolidado desde a Primeira Revolução Industrial - em que os menores amontoavam-se nas fábricas para realizar atividades insalubres e perigosas-, ainda hoje é possível vivenciar um número considerável e preocupante dessa atividade ilegal. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar de na última década o número de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos ter diminuído 1,8 milhão, em 2011, cerca de 3,7 milhões ainda desempenhavam atividades em regime de exploração, muitas vezes sem nenhuma remuneração. Dessa forma, o trabalho infantil deixa marcas consideráveis não só no presente daqueles que o estão realizando, pois rouba a infância, a dignidade a cidadania, mas também no futuro. As crianças que trabalham dedicam pouco ou nenhum tempo às atividades escolares, alimentando a permanência de altos índices de analfabetismo no país e a realização de atividades de subemprego pela baixa escolaridade. A educação mostra-se o meio mais concreto para realizar com dignidade a inclusão na sociedade, proporcionando aos que a alcançam melhores oportunidades de emprego e exercício da cidadania. É preciso, portanto, que o governo incentive a permanência das crianças na educação, ampliando projetos como o Bolsa Escola, assim como o aumento da jornada escolar, com a realização de atividades extras e oferta da alimentação adequada para que os alunos não precisem trabalhar ainda na infância. As ONG’s também devem auxiliar, realizando atividades educativas e de inclusão para aqueles alunos que abandonaram a escola, assim como remanejar esses jovens ao trabalho de forma legal na condição de aprendiz. Somente dessa forma, é possível proporcionar às crianças e adolescentes que precisam trabalhar para sobreviver hoje, uma forma mais digna de viver amanhã.