“No Brasil, último país a acabar com a escravidão, tem em sua herança uma perversidade intrínseca de exploração, que torna a classe dominante enferma de desigualdade e descaso”. A máxima do antropólogo e político brasileiro Darcy Ribeiro, remete a ideia do atual formato do Estado brasileiro, que ainda sofre com a cultura da exploração. Dessa forma, para que seja compreendido a dinâmica do trabalho infantil, hão de ser analisadas as principais causas desse mal. Mesmo com a diminuição do trabalho infantil nos últimos anos, o grande número de jovens trabalhadores entre 13 e 17 anos ainda é um empasse para o desenvolvimento educacional brasileiro. Pois o abandono escolar e o descaso dos pais, tem submetido crianças a trabalharem muito cedo para garantir seu sustento. Além disso, a insuficiência das leis civis que garantem a moradia e alimento ao cidadão, não passam de grandes falácias, que por sua vez, não são cumpridas. Contudo, o Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da escravidão. Dado que, a pobreza, fome e o descaso do governo, tem levado crianças a se exporem a trabalhos árduos, como físico, sexual e de alto risco, muitas vezes, por ordens de pais desempregados ou dependentes químicos. A realidade no que lhe concerne, é ainda mais angustiante, já que o Brasil possui mais de 3,5 milhões de crianças subordinadas ao trabalho. Para o Ministério Social, órgão responsável pelo desenvolvimento e combate à fome, a previsão é de que apenas 1,1 milhões dessas crianças poderão ser atendidas nos próximos anos. Torna-se evidente portando, que a problemática da exploração do trabalho infantil é grave e exige soluções imediatas. Para o poder Judiciário, cabe concretizar as leis já existentes, a fim de suprir com as necessidades básicas do cidadão. A mídia junto as instituições de ensino, devem promover o incentivo a educação, por meio de programas de solidariedade, com o intuito de retirar crianças das ruas e da extrema pobreza. Talvez dessa forma, as raízes culturais de exploração possam ser apagadas, e apenas serem relembradas por livros de história.