Título da redação:

A sociedade que arma o suicida

Tema de redação: A questão do aumento de casos de suicídio no Brasil

Redação enviada em 13/04/2017

É drama. É frescura. Queria chamar a atenção. Essas são frases comuns ilustrando a ignorância do brasileiro ao tratar do tema “suicídio”. Contudo, o aumento desse ato no país traz à tona a importância do assunto que, segundo a Organização Mundial da Saúde, já causa mais mortes de jovens do que AIDS no mundo. Assim, tanto a ignorância na discussão quanto o despreparo de toda a sociedade são fatores corroboradores para maximizar o problema, sendo uma questão de saúde pública. A cultura do brasileiro é uma cultura que desvaloriza as questões psicológicas e sentimentais. Desde nova, a criança é treinada para não chorar (principalmente os garotos, tendo como atenuador o machismo), passando para elas o conceito de que as sensações negativas devem ser reprimidas, sinônimos de fraqueza. Com isso, o indivíduo tende a se excluir socialmente quando sofre, não se discutindo os problemas da vida e acarretando em uma pressão psicológica drástica, já que nem os próprios pais conversam com eles, rotulando como “fase” qualquer sofrimento enfrentado pelos filhos. Ou seja, as gerações perpetuam a relação "tristeza e fraqueza", passando despercebidos fatos como o jovem pernambucano representar 22 suicídios dentre os 336 noticiados em um ano no estado, segundo a Secretaria de Saúde de Pernambuco. Para maximizar o problema, a sociedade é, de um modo geral, despreparada para lidar com o assunto. Primeiramente, o suicídio é um processo e não um fato isolado, sendo ele o resultado de casos como depressão, abusos sexuais, uso de drogas, bullyings que, diante da falta de auxílio adequado, levam a pessoa, aos poucos, a tirar a própria vida. A realidade é: ao enfrentar tais problemas, o cidadão não recebe ajuda adequada, começando em casa (a familia não sabe conversar e nem para onde encaminhar os parentes), piorando nas escolas (desatentas ao psicológico do aluno) e se concretizando com o isolamento causado pelas diversas pressões sociais. Dessa forma, restam como únicos alívios as mutilações, os filmes e as séries violentas, as músicas tristes e a sensação de abandono causada por todas as falhas anteriormente citadas. A questão do suicídio é uma das principais questões de saúde pública do Brasil. A existência e o crescimento de casos alertam para toda uma falha estrutural no tratamento psicológico dos jovens, precisando ser imediatamente prevenido. Para tanto, o Governo Federal deve abranger o atendimento do Sistema Único de Saúde, o ampliando para cobrir pelo menos uma consulta psicológica por mês aos grupos de risco. Somado a isso, o Ministério da Educação deve efetuar, em todas as escolas, campanhas semestrais de distribuição de cartilhas e palestras que informem aos alunos, aos pais e aos discentes como se comportar diante da problemática, trazendo frases motivacionais, conselhos aos responsáveis e informação do comportamento pré-suicídio, abrangendo o máximo possível de pessoas para evitá-lo.