Título da redação:

A desunião mitiga a força

Proposta: A questão do aumento de casos de suicídio no Brasil

Redação enviada em 25/03/2018

No limiar do século XIX, a abrupta propagação de ideais românticos byronianos ocasionou um surto de suicídios entre a população abarcada por tal movimento literário. Na contemporaneidade, o suicídio persiste como uma mazela coletiva a ser combatida no Brasil, não só pela perspectiva estatal, mas também pela ótica social. Em primeira análise, é indispensável destacar a inobservância governamental como uma das causas. Nesse ângulo, a maioria das cidades brasileiras não possui estruturas voltadas ao atendimento de pessoas com pensamentos suicidas ou indícios de tais tendências, ao passo que os órgãos públicos de poder não apresentam iniciativas nesse âmbito. Devido a isso, muitas pessoas sentem-se desamparadas e indiferentes à tutela do Estado. Não é á toa, assim, que o número de suicídios no Brasil cresceu 30% nos últimos 25 anos, como informa pesquisa do DataSus. Posto isso, tal estigma deve ser encarado como questão de saúde pública. Outrossim, cabe ressaltar que o suicídio ainda é visto como um tabu social. Em sua célebre obra “O suicídio”, o cientista social Émile Durkheim afirma que quão maior for a solidariedade comunitária, menores serão as taxas de suicídio em uma sociedade. Diante disso, a paulatina decadência da empatia, definida como inerente à pós-modernidade pelo pensador Zygmunt Bauman, é responsável, em união ao fortalecimento do individualismo, pelas crescentes ocorrências de atentados à própria vida verificadas no Brasil. Sendo assim, cabe ao corpo social voltar-se a essa questão. Consoante ao filósofo John Locke, o homem tem, por natureza, direito à vida. A fim de garantir isso, é dever dos governos estadual e municipal, em parceria a ONG’s, construir centros de apoio a pessoas com pensamentos suicidas, com fácil acesso a essas, munidos de profissionais psiquiátricos, os quais irão ouvi-las e prestar o devido atendimento, para que sintam que não estão sozinhas na luta pela vida. Ademais, compete à sociedade disseminar campanhas de apoio a essas pessoas nas redes sociais, em vista de seu poder coercitivo, de modo que os indivíduos sejam incentivados a conversar com outrem e poder, assim, atenuar ideias suicidas, em conformidade com a solidariedade durkheimiana. Dessa forma, sob o caminho da alteridade, o estigma romântico será desvinculado do cenário pós-moderno.