Título da redação:

Leitura escassa, criticidade diminuta

Tema de redação: A questão do analfabetismo funcional no Brasil

Redação enviada em 22/08/2017

O processo de realização de leituras consiste na captação do código pelo nervo óptico e pela posterior interpretação contextual ocorrida no córtex central do cérebro. Com isso, pontua-se que a importância da compreensão da mensagem repassada pelo canal equipara-se àquela atribuída à habilidade de decifrar vocábulos por meio da junção de letras. Todavia, o sistema educacional contemporâneo, pautado excessivamente na repetição de premissas prontas, e a quase ausência de estímulos concretos ao usufruto do senso crítico pela população culminaram em um cenário pautado no analfabetismo funcional, fato constatado pela inaptidão de elevada parcela dos brasileiros em interpretar mensagens intrínsecas aos textos lidos por cotidianamente. É indubitável que, desde o Período Homérico, o conceito etimológico de "aluno" explicita que estudante é o indivíduo que recorre à escola em busca de sua formação enquanto ser crítico e social. No entanto, o sistema educacional brasileiro têm se pautado, desde as Catequeses Quinhentistas, na memorização e na repetição como modais de forma de aprendizado, fato esse exemplificado por estudos de universidades estadunidenses que dissertaram que o brasileiro aprende conceitos e decora fórmulas matemáticas facilmente, em contrapartida mostra-se defasado quando se trata de colocar em prática artifícios imateriais adquiridos pelo intelecto. Destarte, enaltece-se o código, negligencia-se a mensagem. Por outro lado, a falta de instruções específicas e de mecanismos estatais de incentivo à leitura culminaram na estagnação da criticidade reflexiva do cidadão brasileiro, catalisando a vulnerabilidade desses diante de "hoaxes" -notícias falsas da web- e de situações corriqueiras que requisitam a interpretação de sinais gráficos. Nesse sentido, pesquisas nacionais corroboraram tal estigma concluindo que a população brasileira lê, em média, menos de dois livros ao ano, de modo a tornar-se parcialmente inapta à abstração do contextos diante da leitura iniciada, a priori, pelos receptores ópticos do cérebro. Visando, portanto, à minimização do analfabetismo funcional no país, é cabível ao MEC, Ministério de Educação e Cultura, reformar amplamente o sistema educacional de forma a substituir o caráter metódico do ambiente escolar por um cenário reflexivo, instituindo a obrigatoriedade de debates e discussões tangentes aos conteúdos repassados em aula. Ademais, cabe às secretarias públicas municipais realizar visitas periódicas de profissionais da educação em domicílios familiares, fomentando, nesse viés, a leitura crítica e o ceticismo racional diante de boatos circundantes à sociedade. Assim, o hábito de ler resultará, com efeito, em uma população pautada na busca pelo saber e não mais na função fática da linguagem grafada.