Título da redação:

Ignorância, exclusão e desrespeito aos direitos humanos

Tema de redação: A questão do analfabetismo funcional no Brasil

Redação enviada em 10/08/2017

Em contraste com o mundo do início do século passado, vivemos hoje cercados de dados e conhecimento, que se tornou o bem mais precioso e almejado. O analfabeto funcional, incapaz de extrair informações daquilo que lê ou vê, se situa, portanto, às margens da sociedade, o que o torna vulnerável e torna o analfabetismo funcional um problema humanitário. John Locke, no século XVIII, via a liberdade como o preceito e direito básico do homem. É a partir da possibilidade de tudo poder fazer que o homem se constrói, dignifica e age. Assim, em um mundo que se comunica principalmente pela escrita, o analfabeto funcional é privado de sua liberdade e permanece ‘ilhado’ na ignorância, não realizando ações simples, como abrir uma conta em um banco. Ao ser dependente de outros para adquirir conhecimentos, torna-se vítima fácil de manipulação e alienação. No mundo do trabalho, essa condição encontra também graves consequências. Na sociedade informacional, aquele que nada sabe compreender está fadado à funções mal remuneradas e exaustivas. Um analfabeto funcional jamais chegaria à posição de gerente ou diretor, permanecendo no chão de fábrica até a aposentadoria. Aqui, a alienação também se faz presente: contratos cujos conteúdos não são conhecidos são assinados e isso, aliado com a dificuldade de acesso aos agentes de proteção do Estado, abre margem para a exploração e, como foi descoberto em 2016 pela polícia federal em Minas Gerais, a escravidão. Desse modo, pode-se inferir que a condição de analfabetismo funcional é uma afronta à dignidade humana e é, portanto, um problema humanitário que, apesar dos avanços, ainda existe no Brasil. Assim sendo, requer engajamento da sociedade civil e do governo federal. Como grande parte dos analfabetos residem longe dos grandes centros urbanos, uma solução seria a criação de centros dedicados exclusivamente à alfabetização da população atingida pela condição, que seriam estabelecidos após determinação por pesquisas conduzidas pelo Ministério da Educação das localizações mais interessantes e que contariam com mão de obra voluntária.