Título da redação:

Educação industrial de formação em massa - o analfabetismo funcional no Brasil

Tema de redação: A questão do analfabetismo funcional no Brasil

Redação enviada em 16/08/2017

O modelo de escola como conhecemos hoje no Brasil, nasceu durante a Revolução Industrial, quando a ideia de produção em massa estava em voga. Nesse sentido, criou-se instituições de ensino no nosso país que funcionam como verdadeiras fábricas de alunos, onde os jovens são empurrados pelo sistema educacional e saem como analfabetos funcionais no final da esteira de produção. Paralelamente, o atual governo segue a propor ajustes na educação que podem agravar ainda mais esse problema. Segundo Paulo Freire, a leitura do mundo precede a leitura da palavra, no entanto, a educação brasileira é dissonante à essa ideia. De acordo com dados do Instituto Paulo Montenegro e Ibope, com apenas 26% da população brasileira dominando plenamente a leitura e a escrita, podemos comparar as nossas escolas com o clipe da música “Another Brick In the Wall” da banda Pink Floyd, onde os alunos passam por uma esteira de produção e são subjugados à se transformarem em uma massa genérica no final do processo. Nesse cenário, a educação brasileira está falhando com o seu papel social de construir cidadãos críticos e emancipados. Em consonância, o governo propõe mudanças na educação como o “MedioTec” e reforma do ensino médio, todavia, deixa em segundo plano a formação crítica e humana do aluno, perpetuando os moldes de escola-fábrica. Por consequência, preocupado em produzir mão de obra em massa, o governo provê o cidadão de conhecimentos técnicos, porém, não os equipa com a capacidade de pensar autonomamente. Assim, como no mito da caverna de Platão, os analfabetos funcionais permanecem no mundo das sombras e não são apresentados às ferramentas para alcançarem o mundo das ideias. Em suma, tratar a escola apenas como um ambiente de formação em massa eternizará a produção de analfabetos funcionais no Brasil. Para avançar na resolução dessa questão, é necessária uma ação do Ministério da Educação trazendo medidas como o “Hora da Leitura”, com o intuito de apresentar e analisar obras de literatura, aguçando a interpretação textual dos alunos, além de uma medida levando a Educomunicação para o âmbito escolar, como uma rádio da escola, que estimula a independência dos alunos pois eles produzirem seus próprios conteúdos. Ademais, para despertar mais a fundo o interesse dos jovens, uma parceria do MEC com a Cinemateca Brasileira poderia levar à sala de aula produções audiovisuais nacionais, relacionando-as com os conteúdos propedêuticos, instigando o senso crítico dos alunos e ampliando o seu repertório cultural.