Título da redação:

Analfabetismo funcional: reflexo de um sistema de ensino obsoleto

Tema de redação: A questão do analfabetismo funcional no Brasil

Redação enviada em 23/08/2018

Antes o problema era saber ler e escrever ou não saber, mas com o crescente nível de escolarização da sociedade a questão passou a ser um pouco mais complexa, pois mesmo com variados diplomas de ensino na parede muitas pessoas não conseguem demonstrar habilidades e competências na leitura e na produção de texto, ou seja, são analfabetos funcionais. No Brasil, infelizmente, 92 % das pessoas não são proficientes na escrita, leitura e habilidades matemáticas, o que ilustra, portanto, a gravidade desse problema fruto de um sistema de educação ineficiente e obsoleto, juntamente com a falta hábito para a leitura da população brasileira. Com isso, é considerável afirmar que uma das causas para a alta taxa de analfabetos funcionais no Brasil está na persistência de um sistema antigo, caracterizado pelo quadro negro, pelas cadeiras enfileiradas e pelo professor discursando com o objetivo de transmitir informações. Além disso, esse modelo foi criado durante a Revolução Industrial, pois tinha como objetivo adaptar os estudantes para o trabalho nas fábricas e mesmo passados mais de dois séculos ele continua persistindo e direcionando os estudantes a decorar o assunto que será cobrado em prova e não a questionar, debater e interpretar o conteúdo a fim de aprendê-lo, o que aumenta por sua vez a taxa de analfabetismo funcional. Um exemplo de que esse modo de ensino não está dando mais certo é o resultado obtido pelo Brasil no PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) realizado em 2015, o qual dos 70 países avaliados o Brasil ficou na vergonhosa 63° posição. Outrossim, pode-se atribuir a outro desses fatores a falta do hábito de leitura dos brasileiros, os quais, segundo estimativas, leem apenas 1,7 livro ao ano e se não há leitura, por conseguinte se tornará mais difícil o entendimento e a escrita dos variados tipos de textos. Assim, é possível caracterizar o fato de ler pouco como falta de hábito cultural, somados a falta de oportunidade, visto que, comumente, os livros são caros no Brasil, quando comparados com os preços em outros países. No entanto, isso pode ser reparado com a criação de iniciativas público-privada entre as editoras e o Governo, a fim de patrocinar mais meios de disponibilização e barateamento da leitura, mediante o incentivo nas escolas ao uso de aplicativos como o “Kindle”, o qual por meio de um valor fixo o usuário possa ler vários títulos online, o que por não precisar de impressão torna o custo muito mais acessível, porém atualmente não há inserção de obras com grandes nomes para o aplicativo, fato que desmotiva o seu uso pelos leitores. Tendo essas como as principais razões para esse problema fica evidente que para minimizá-lo é necessária uma mudança no modelo de ensino atual, pois nos anos que antecederam a prova do PISA o orçamento para o Ministério da Educação foi triplicado, no entanto o resultado continuou estagnado e em algumas áreas houve um retrocesso comparado com anos anteriores. Diante disso, é possível deduzir que para resolver o problema da educação no país e consequentemente reduzir a taxa de analfabetismo funcional não é preciso somente aumentar o número de verba destinada a isso, mas alterar o modo de como ela é investida, tornando para isso a escola mais atrativa com um modelo de aprendizagem mais ativo, que possa desenvolver as habilidades do aluno com atividades mais dinâmicas, interdisciplinares e que busquem a troca de conhecimento para a resolução dos problemas.