A “Alegoria da Caverna” do filósofo Platão retrata homens que vivem acorrentados em uma morada subterrânea, a qual,em função da ausência da luz, representa a ignorância dos seres aprisionados diante da infinidade de conhecimentos que o mundo exterior à caverna poderia oferecê-los. Similarmente, a sociedade brasileira sofre o árduo exercício de conviver com a deturpação de seus direitos, fato que a impede não só de se libertar das amarras, mas também de contemplar a realidade grafada na Lei Maior. À vista disso, o analfabetismo funcional é um fator preocupante, na medida em que contribui para a permanência do tecido social brasileiro nas correntes das sombras. A priori, destaca-se, no Brasil, que a comodidade dos orgãos responsáveis em atender ao currículo escolar de maneira eficiente é uma realidade negligenciada. Isso posto, a precariedade educacional, conjugado ao ensino arcaico, contribui veemente para o quadro de analfabetismo no qual o país se encontra. Logo, fica claro que o caos instalado é reflexo do sistema exaurido pela má gestão das leis. Dessa maneira, nota-se que o Estado se comporta como uma “Instituição Zumbi”, segundo Zygmunt Bauman, à proporção que demonstra ociosidade mediante sua função social de garantir um direito fundamental de cidadania. Faz-se mister, ainda, salientar o contexto histórico do Brasil como propulsor dessa problemática. Desde a colônia, muitos indivíduos eram proibidos de freqüentar as escolas. Hodiernamente, apesar de haver um sistema público de educação, as disparidades, se comparadas ao ensino particular, é discrepante. Dessa maneira,verifica-se que a conjuntura na qual está inserida a população reaviva os contrastes do passado colonial. Infere-se, portanto, que o poder público invista em formas de ensino mais modernas, abandonando, aos poucos, os métodos tradicionais. Para tanto, subsidiar as escolas, fornecendo recursos tecnologias, pautadas no avanço- sobretudo- da leitura, para além da sala de aula. Ademais, por meio de projetos escolares, alertar a problemática do analfabetismo funcional se faz relevante para mudar a realidade vigente. Assim, analogamente aos prisioneiros da caverna, os brasileiros poderão sair das sombras e alcançar o direito firmado na Lei Suprema da nação.