Título da redação:

O controverso poder de escolha

Tema de redação: A questão da Reforma do Ensino Médio

Redação enviada em 25/04/2017

A reforma prevista para o ensino médio brasileiro prevê, por meio de medida provisória, algumas alterações significativas. Algumas delas são a criação dos chamados “itinerários formativos”, nas áreas de linguagens, matemática, ciências naturais, ciências humanas e sociais e curso técnico, além do aumento na carga horária. Muito elogiado por políticos por provocar um possível aumento no poder de escolha dos jovens, a medida irá, na verdade, limitar o acesso ao estudo, bem como evidenciar as disparidades sociais. Um dos pontos mais problemáticos da reforma são a diminuição das matérias básicas apresentadas aos alunos e a criação do itinerário formativo. Com a medida provisória, será de estudo obrigatório apenas as matérias de linguagens, matemática, filosofia, sociologia, artes e educação física. Assim, o restante das matérias ficará a critério do aluno escolher qual fazer, conforme os itinerários ofertados por sua escola. Todavia, como os alunos não terão acesso a todas as matérias previamente, não haverá embasamento suficiente para escolher com qual área há maior identificação. A UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – já relatou que muitos alunos chegam ao ensino médio como analfabetos funcionais, o que também prejudicará suas capacidades de escolha para os itinerários. Além disso, a não obrigatoriedade das escolas em ofertar os cinco itinerários e a falta de recursos para garantir um estudo integral contribuirá com a discrepância educacional. As escolas públicas, carentes de recursos como já são, possivelmente não conseguirão garantir qualidade no processo educacional em tempo integral e não disponibilizarão os cinco itinerários, mas as escolas particulares certamente proporcionarão. Assim, o aluno do ensino público ficará restrito a escolher não o que mais lhe agrada, mas sim a opção que lhe é disponibilizada, mostrando que é controverso o poder de escolha do jovem. Ademais, é preciso repensar o que será feito com os alunos que pretendem escolher cursos acadêmicos multifacetados, como economia, que envolve matemática e ciências humanas e que, portanto, precisariam de um conhecimento aprofundado em ambas as áreas do conhecimento. Dessa forma, cabe ao Ministério da Educação organizar fóruns de debate na internet onde possa ser discutido os prós e contras da reforma na visão de alunos, professores, educadores e ex-alunos. À mídia, cabe realizar debates com especialistas na área de educação para ajudar a população a ter embasamento e pensar em meios de verdadeiramente melhorar o ensino. Fica evidente que uma reforma na educação deve ser pensada com mais cuidado e decidida somente após ser amplamente debatida.