Em "O homem é aquilo que a educação faz dele", o excerto do filósofo Immanuel Kant descreve o papel da educação na formação do homem como cidadão. Nesse pensamento, é perceptível que o desenvolvimento crítico de um indivíduo está diretamente relacionado com a educação que lhe foi disponibilizada e os múltiplos contatos com as diversas áreas, como ciências da natureza, exatas, humanas e linguagens. Desse modo, a partir dessa interação, há a capacidade de escolha por qual área seguir. Contudo, com a nova reforma do ensino médio, que exclue disciplinas, transformando-as em optativas, esse caráter seletivo é prejudicado e, além de dificultar a decisão profissional do jovem, pode se tornar frustrante para aqueles que, por ausência do convívio com outras matérias, poderá vir a se arrepender da escolha curricular. Imerso nesse âmbito, em fevereiro de 2017 foi aprovado pelo senado a medida provisória de reforma do ensino médio. Dentre as mudanças está a retirada das disciplinas de química, física e biologia, tornando-as opcionais. Ademais, conforme os dados publicados pelo Carta Capital, a decisão da carreira profissional deve ser formadas até o segundo ano do ensino médio e, a partir dai, dependendo da escolha, o jovem poderá ou não ter conhecimento das matérias classificadas como seletivas. Dessa forma, é notório que o novo projeto restringe o conhecimento dos estudantes, haja vista que delimita o acesso a algumas matérias que são primordiais para o saber sobres os fenômenos que regem o mundo, e altera a lei 9.394 que garante a vinculação da educação ao mundo do trabalho e à prática social. Outrossim, o argumento utilizado para a ocorrência da reforma foi a tentativa de estimular os jovens e deixar o ensino mais atraente, evitando o abandono. Todavia, a pressão exercida sobre estes pode acarretar na evasão estudantil. A exemplo disso está na Nicarágua que, consoante aos dados da ONU, tem o maior índice de desistência escolar do mundo. Nesse país, o projeto de ensino é caracterizado pela especificidade curricular, análoga ao implementado no Brasil, que ensina os jovens conforme sua escolha. Nesse ponto de vista, é explícito que a nova reforma não resolverá o problema do "êxodo" escolar, tampouco facilitará na escolha profissional. Portanto, pode-se afirmar que o resultado desse projeto será contraditório na sociedade brasileira. Destarte, medidas são imprescindíveis para resolver o impasse. Em primeiro lugar, a solução das evasões será a retirada, pelo Governo, da repetição do ano letivo, dando oportunidades para o jovem refazer somente a matéria em questão. Em segundo lugar, é de primordial importância a democratização do acesso tecnológico a partir da aplicabilidade da lei, por intermédio de fiscalizações do MEC, 12.249 que promove a inclusão digital nas redes públicas. Em terceiro lugar, faz-se necessário a continuação do atual modelo de ensino, mas com o aumento de três para quatro de nível médio, sendo o quarto ano a especificidade escolhida pelo jovem. Por fim, é preciso que o modelo atual de classificação universitária mude e passe a ser feito realizações de provas que abordem áreas específicas de cada carreira, pois, somente assim, ocorrerá a evolução da educação brasileira.