A mudança no sistema educacional brasileiro é uma necessidade há muito tempo defendida por professores e parte da sociedade educadora. A Reforma do Ensino Médio, proposta e aprovada em 2016, poderia ser a resposta para essa melhoria tão desejada, no entanto, é preciso ter cuidado para que não tenha o efeito contrário. A reforma visa mudanças na carga horária anual, quase dobrando-a, propõe a flexibilização do currículo, onde os alunos poderão escolher cursar um ensino médio técnico ou escolher uma das cinco áreas do conhecimento para se aperfeiçoar, a adoção de profissionais com "notório saber" e a ampliação das escolas de tempo integral. Em primeiro lugar, um dos principais problemas da reforma está no currículo opcional, já que nem todas as escolas deverão oferecer as cinco áreas, o que limitará a escolha do aluno e pode consolidar as desigualdades na educação, pois alguns estudantes terão mais opções em relação à outros. Em segundo lugar, outras dificuldades poderão ser encontradas no aumento da carga horária e na adoção do turno integral, pois as escolas não possuem estrutura adequada (refeitórios, laboratórios e áreas de lazer), o que desestimulará os alunos e comprometerá a qualidade do ensino. Além disso, a adoção do "notório saber" traz pessoas despreparadas para a sala de aula. Portanto, a medida implantada necessita de estratégias de funcionamento. Inicialmente, deve-se estender o prazo de adoção da reforma, para que as escolas se preparem para as mudanças. O Ministério da Educação deve investir na melhoria da estrutura de escolas integrais e estabelecer parcerias com empresas privadas para uso de laboratórios necessários para o ensino técnico. Outrossim, deve haver investimento nos profissionais com "notório saber" para que haja a capacitação adequada através de cursos. Além disso, as áreas mais procuradas devem ter ampliação de ofertas de vagas e as prefeituras devem melhorar o transporte para estudantes, para que não haja a desigualdade de opções por questões como limite de vagas ou localidade.