A arte sempre vai ser um reflexo da sociedade vivida. Desde a Pré-História, por meio das pinturas rupestres, o ser humano representava a sua maneira de viver, a sua cultura e seus desejos. Isso não é diferente hoje, pois através do grafite e da pichação a população consegue se expressar em relação ao mundo em que habita. Entretanto, essas duas formas artísticas recebem uma aprovação distinta pela população. Enquanto o grafite é bem aceito devido a suas cores e imagens representadas, além de ter sido legalizado após a ditadura, a pichação é considerada um ato de vandalismo e crime. Esta é vista com receio, porque utiliza símbolos e letras estilizadas as quais a população não consegue entender, consequentemente acaba formando um conceito errado de que essa manifestação está contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural. Porém, quando se analisa melhor, percebe-se que proibir a pichação é uma forma de proibir o direito de expressão do cidadão, sendo inconstitucional. Essa manifestação trata-se de um grito social em que seu objetivo é denunciar os males da sociedade, principalmente as desigualdades. Como dito pelo sociólogo e historiador de arte Sérgio Miguel Franco, a sociedade precisa aprimorar o conceito sobre a pichação para compreender a relevância de uma mensagem, o contexto da arte e começar a entender o quanto a pichação apresenta significados relevantes, tal como o grafite. Com base no problema apresentado, nota-se que a pichação é arte e deveria ser legalizada pelo Poder Legislativo, mantendo, contudo, a condição de que somente seria permitido com a autorização dos proprietários em caso de propriedade privada ou da Câmara Municipal em caso de patrimônio público como decretado no Artigo 65 do Código Penal. Além disso, o Ministério da Cultura deveria realizar projetos sociais de conscientização e valorização do patrimônio cultural em escolas e comunidades, a fim de que possíveis pichadores saibam onde e como se expressar. Concomitantemente, os governos municipais deveriam oferecer um espaço para estes realizarem suas manifestações, assim passariam a ser vistos de maneira aceitável socialmente tal que os grafiteiros.