Título da redação:

Pichação: uma tênue linha entre a arte e o crime

Tema de redação: A questão da Pichação – arte ou crime?

Redação enviada em 17/03/2017

Na Antiguidade Clássica o piche já era praticado nos muros da cidade de Pompéia, onde se escreviam desde xingamentos até poesias. Claramente, essa expressão artística tem valor histórico lúcido e continua presente no cotidiano popular. No entanto, atualmente essa manifestação popular provoca, no Brasil, dúvidas em relação a sua legitimidade artística e é julgada como sinônimo de vandalismo e crime. De acordo com o Código Penal, é infração pichar patrimônio cultural e propriedades sem o consentimento do proprietário. Nesse sentido, afirmar que a depredação do Monumento às Bandeiras e da estátua do Borba Gato por pichadores, que resultou em prejuízo para os cofres públicos, tem legitimidade é concordar que piche é sinônimo de crime. Tal fato demonstra que o piche é vandalismo quando a liberdade de expressão fere o direito à propriedade privada e a conservação dos bens públicos. Contudo, continua havendo valor artístico, histórico e sociocultural, logo que retrata a realidade local, principalmente da periferia, e por isso devem ser preservadas quando autorizadas. O prefeito atual da cidade de São Paulo João Doria ao afirmar que ”todos os pichadores são bandidos” e ao cobrir os piches e grafites com tinta cinza, estimula a população a julgar os artistas como vândalos e criminosos, mesmo quando são convidados ou pagos para isso. É incontestável que essa alegação é incoerente e precisa ser evitada, visto que o piche é uma arte urbana que deve ser respeitada quando também é feita respeitavelmente e coincidindo com o Código Penal. A pichação é uma manifestação artística popular que precisa ser acolhida e não uma agressão à arte e a estética do meio ambiente, assim, é essencial que o governo e as prefeituras brasileiras não interfiram militarmente nesse processo enquanto não ferirem a lei e que a prática da pichação seja incentivada na escola, deixando que os próprios alunos escreverem críticas à sociedade e frases que retratam a realidade que vivem, e com isso estimulando também a criatividade de cada estudante. Ainda, é possível criar um grupo na rede social Facebook em que pessoas que apreciem o piche possam encontrar pichadores e convidá-los para pichar o muro de sua propriedade, e vice-versa. Afinal, consoante Simone de Beauvoir, “é na arte que o homem se ultrapassa definitivamente”