Pichação é uma prática de grande potencial artístico, porém considerada um crime por uma sociedade que condena tudo aquilo que não entende e foge do senso comum. Contudo, se começarmos a valorizar essa prática, ela pode nos ajudar a compreender um grupo de pessoas ignoradas e marginalizadas. Nem toda a manifestação artística sempre foi vista como tal, algumas até foram pouco valorizadas em sua época pela falta de compreensão de seu público. Entretanto, hoje as estudamos em sala de aula para entender a visão de mundo dos seus autores. O piche é uma dessas muitas manifestações que merecem um olhar mais aprofundado, e deve ser valorizado como uma vertente da arte contemporânea, facilitando o acesso a entender a vida e o mundo dos seus autores. Contudo, embasados em valores ultrapassados, muitos acreditam que a pichação está associada a crimes considerados graves, como roubo. Porém, isso se dá pelo meio em que essa arte surgiu, como por exemplo, nas periferias das grandes cidades onde a criminalidade e o consumo de drogas são frequentes. Portanto, associar a arte da pichação a atos criminosos é assumir uma posição baseada em preconceitos e “achismos”. Sendo assim, é certo que a pichação deve ser considerada uma arte, levando em conta suas características e a forma como os seus autores a expressam. Para isso, a primeira medida a ser tomada deve ser a criação, por parte dos governos regionais, de espaços públicos em que esses artistas possam expor suas ideias e obras, para que assim sejam reconhecidos sem serem expostos ao crime. Em seguida, é necessário que o Ministério da Educação, com o auxílio de núcleos culturais, inclua o ensino artístico nas escolas, ajudando os jovens a compreender e respeitar essa prática. Dessa forma, é possível que a prática da pichação seja respeitada como uma manifestação artística urbana contemporânea.