Título da redação:

O limite entre o vandalismo e a arte

Proposta: A questão da Pichação – arte ou crime?

Redação enviada em 11/10/2017

Desde o período Paleolítico Superior (cerca de 40.000 a.C.), o ser humano já utilizava a arte para se expressar, nesse caso, por intermédio de pinturas rupestres. Hodiernamente, todavia, a prática da pichação é considerada um ato de vandalismo pela maioria das pessoas, embora o picho, em alguns casos específicos, não poder ser considerado crime. É válido definir, assim, qual o limite entre um ato de depredação e uma manifestação artística. As pichações são, em diversos casos, realizadas com o propósito de vandalizar o cenário urbano. Desenhos e palavras obscenas com letras estilizadas e de difícil compreensão causam um aspecto sujo às cidades e, principalmente, quando feitos em uma propriedade privada sem autorização, em um bem público ou em um monumento histórico, esses atos de pichação devem ser considerados vandalismo, já que denigrem e depredam esses elementos, a exemplo do caso ocorrido em abril de 2010, em que a estátua do Cristo Redentor foi pichada com assinaturas e inscrições de protesto. Nesses casos, enfim, os pichadores são vândalos devem ser punidos como criminosos. Não obstante, a pichação pode ser considerada arte sob certas restrições. Assim como o grafite, quando realizada em locais autorizados e utilizada como forma de expressão, por meio de palavras ou desenhos visando protestar, causar reflexão social ou simplesmente para fins estéticos, o picho pode ser entendido como manifestação artística e não como um ato de vandalismo. Além disso, as pessoas realizam esse tipo de arte pela razão de, conforme com o sociólogo Zigmunt Bauman, em uma sociedade consumista, na qual as relações sociais são instáveis e fluídas, a maioria das pessoas tem a necessidade de se expressar, dessa forma, a pichação tem o propósito de sanar esse impasse, da mesma maneira que outros tipos de arte. Dessarte, o que faz uma pichação ser arte ou vandalismo é relativo ao local e à maneira de sua realização, portanto se deve criar um consenso entre o direito à liberdade de expressão e a conservação de monumentos históricos, bens públicos e privados. Para isso, é recomendável que as prefeituras municipais reservem espaços apropriados para pichadores se expressarem, podendo ser em muros de praças, escolas ou outros locais. Ademais, peças midiáticas como propagandas e reportagens devem conscientizar a população a respeito da diferença entre o vandalismo e a arte, visando diminuir os casos de depredação do cenário urbano, sendo veiculadas em rede nacional com subsídio estatal. A partir de tais medidas, a sociedade poderá se expressar por meio da arte urbana e a pichação com o propósito de vandalizar será mitigada.