No Brasil, poucos são aqueles que compreendem a problemática da pichação em toda a sua complexidade. Mesmo sendo configurado como crime desde o ano 1998, esse ato persiste nos dias atuais. Por isso, antes de se investir em qualquer ação inapropriada, esse problema precisa ser devidamente entendido tanto em sua significação mais abrangente quanto em seus principais reflexos e entraves. A princípio, faz-se necessário revelar a forma superficial e simplista de como muitos brasileiros compreendem o sentido e o valor da pichação. Em geral, nota-se uma fraqueza intelectual em relacioná-la apenas à ideia de vandalismo, desprezando aspectos decisivos como a liberdade de expressão e a propagação da arte. Assim, com essa ignorância, persistem equívocos que, nos últimos anos, tem gerado conflitos entre os pichadores e a maioria da sociedade. Sem dúvida, a discussão sobre a pichação não deve se afastar do estudo acerca da depredação da propriedade pública e privada. No Brasil, são evidentes os casos de pichações em monumentos, estátuas e prédios que ocorrem sem autorização e contendo mensagens sem valor ou indecentes. Diante disso, revela-se o quanto o protagonismo político é imprescindível aos processos de mudança. De todo certo, é preciso suplantar o passado e ir além dos discursos vazios, considerando que os pichadores necessitam de apoio, mas também de limites. Portanto, é necessário que o Estado crie e determine espaços destinados a esses artistas contemporâneos para que, dessa forma, o enfrentamento seja mais eficiente. Simultaneamente, a sociedade civil organizada deverá se empenhar em conhecer mais o trabalho dos pichadores e grafiteiros afim de construir uma relação harmoniosa.