As manifestações culturais provindas das camadas menos favorecidas comumente são tratadas como atos de vandalismo. Como aconteceu com a capoeira e acontece com o funk, a questão da pichação não foi diferente e, apesar de, atualmente, não apresentar relação com a condição econômica, ainda é vista erroneamente como porta de entrada para a criminalidade e como movimento exclusivo das periferias. A pichação surgiu nas periferias como forma de denúncia. Através de pichações são feitas inúmeras críticas ao governo, à economia e à politica. No entanto, com o tempo, além do cunho protestante, a pichação transformou-se numa manifestação artística praticada por todas as classes sociais e teve seu nome mudado para grafite com a intenção de separar os artistas dos criminosos, ou seja, os grafiteiros dos pichadores. Ainda neste núcleo, é importante ressaltar a diferença entre a arte e o vandalismo. Apesar de ambas se apresentarem como forma de protesto, ao contrário da pichação que busca somente a crítica e a manifestação individual, o grafite tem o objetivo de ser facilmente interpretado e conta com a autorização para ser executado legalmente. Fica clara a importância de reconhecer a diferença entre grafite e pichação. Com isso, mostra-se necessária a valorização desta modalidade de manifestação artística através da inclusão desse conteúdo no material de Arte das escolas, buscando fornecer, desde o fundamental, a capacidade de diferenciar a arte do vandalismo. Além disso, o grafite, como arte e ocupação, deve ser incentivado, principalmente nas periferias, como alternativa de fuga da criminalidade deste meio e forma de reconhecimento, pois traz grande significado cultural, protestante e prazer estético aos cidadãos.