Título da redação:

Redação sem título.

Proposta: A questão da jornada de trabalho no Brasil - aumentar ou reduzir?

Redação enviada em 06/10/2016

''Subiu a construção como se fosse máquina''. Esse trecho da música Construção, de Chico Buarque aplica-se à temática do trabalho excessivo, posto que o operário é visionado por indústrias e empresas, ávidas por lucros, como uma máquina meramente produtiva. Isso porque elas, geralmente, desconsideram as resultantes lesivas que o estresse ocupacional decorrente do trabalho excessivo provoca sobre o trabalhador. Nesse contexto, a sociedade, historicamente, incita uma consciência coletiva positiva acerca do ofício exorbitante, como meio de manipulação. Entretanto, deve-se reconhecer que aumento da jornada de trabalho não implica em elevação da produtividade. Durante a Idade Média, foi largamente difundida a ideia de que os servos, que trabalhavam excessivamente nos feudos, tiveram essa condição dada por Deus, de modo a não possuir tempo ao ócio. Sendo assim, não havia maneira de contestar, e sim doar-se intensa e orgulhosamente ao ofício. Na modernidade, contudo, vê-se que ainda é forte a concepção que condecora o trabalho árduo, evidenciada em contos como a cigarra e a formiga. Dessa forma, torna-se natural e aceitável que o proletário não possua tempo para dedicar-se a atividades pessoais. Isso concerne ao acerto de Bertrand Roussel: ''a moralidade do trabalho é a moralidade de escravos''. Outrossim, a oneração sobre a jornada de trabalho, aliada ao considerável tempo que o empregado gasta no trânsito, implica em falta de tempo para dedicar-se ao lazer, à família, à espiritualidade, a exercícios físicos além da impossibilidade ou dificuldade em buscar qualificação profissional. Isso, entrementes, prejudica a condição social, moral e psíquica do trabalhador e, consequentemente, sua rentabilidade na indústria. Só para ilustrar, o operário que não dispõe de horas livres para dedicar-se a atividades pessoais, consequentemente, poderá ter problemas como depressão e outras enfermidades físicas e mentais, implicando em falta, afastamento ou improdutividade. Ainda por cima, de acordo com a Conferece Board, um americano produz por quatro brasileiros, mesmo a jornada de trabalho nos Estados Unidos senda menor em relação à do Brasil. Isso, portanto, demonstra que o aumento de horas no trabalho não ecoa em maior produtividade. Em síntese, para atenuar as problemáticas levantadas, o Ministério do Trabalho deve sensibilizar empresas e indústrias à questão da importância do tempo livre para dedicar-se a atividades pessoais para o trabalho e para a produtividade na produção ou prestação de serviços . Isso pode ser feito através de palestras e minicursos, ministrados por estudiosos na área, sobre a temática. Esses serão dedicados a industriais e a empresários. Ademais, esse ministério, junto ao Poder Legislativo, deve reformular as leis trabalhistas, de modo a diminuir a jornada de trabalho, a exemplo de países com jornadas menores, porém de maior produtividade que o Brasil.