Durante a “Era Vargas”, os brasileiros passaram a possuir mais direitos trabalhistas, definidos principalmente através da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), em que foram regulamentadas diversas condições de trabalho, dentre elas as férias remuneradas, os tipos de trabalhos, a jornada máxima diária e semanal, etc. Na época, criar todas essas medidas positivas para os trabalhadores, embora fosse uma medida governamental populista, foi o ponta pé inicial para acabar com estruturas arcaicas e alterar modelos históricos de trabalho até então vigentes no Brasil. A partir da garantia desses direitos, muitas empresas criaram formas de incorporar a nova legislação às estruturas capitalistas, visando seus interesses econômicos e maximizando seus lucros utilizando a força de trabalho da maneira mais eficiente possível em sua concepção: maior tempo de trabalho permitido por lei. Grande parte delas possui sua cultura organizacional baseada na quantidade de horas trabalhadas sendo diretamente proporcional à produtividade e para isso utilizam mecanismos, também previstos em lei, que exigem ainda mais do trabalhador, como exemplo, a prática de horas extras. Essa cultura criou muitos ambientes contemporâneos similares aos modelos fordistas vivenciados durante a Revolução Industrial, em que o trabalho era repetitivo e exaustivo na produção em série. Vale ressaltar que tentar maximizar a produtividade dessa maneira, sem focar o resultado, pode desmotivar os empregados, uma vez que estresse e fadiga podem ser gerados além do que é previsto para cada rotina, e isso é refletido diretamente nos números que são fechados ao fim de cada mês. Almejando mudar essa ideia, de que a produtividade é alcançada com o maior período de doação temporal individual, algumas organizações preferem adotar maneiras mais flexíveis e inovadoras para que seus funcionários possam realizar suas atividades: não fazem questão de que o ponto seja batido e permitem o teletrabalho, por meio do qual se pode trabalhar de casa. Essa nova ideologia corporativa, que apresenta jornada reduzida, vem apresentando resultados surpreendentes e positivos, pois foca no que cada um entrega ao final de cada atividade, além de manter seu quadro de pessoal motivado por mais tempo ao longo da carreira e de prover a oportunidade de cada um se adaptar e ser mais produtivo no período que melhor lhe convier. A redução da jornada de trabalho, portanto, pode ser implantada de diversas formas e pode criar benefícios para ambas as partes, empregadores e empregados, desde que mecanismos de controle e gestão possam ser aplicáveis e medidos ao passo que cada indivíduo executa sua atividade, ou seja, é preciso buscar sempre a causa raiz de resultados indesejados de modo a modifica-los dentro dessa jornada reduzida. Isso é fazer mais com menos.