Título da redação:

Carga incompatível

Tema de redação: A questão da jornada de trabalho no Brasil - aumentar ou reduzir?

Redação enviada em 07/09/2016

O advento das Revoluções Industriais fez com que mecanismos de controle do operariado surgissem, a exemplo da jornada de trabalho regulamentada. Nesse contexto, por meio da busca incessante pelo lucro, os modelos fordistas e pós-fordistas, baseados na gerência do tempo laboral, ganharam destaque e atingiram o Brasil, por meio da globalização. Sob essa perspectiva, a questão da jornada excessiva é vista como fato que fere o ideal democrático social, uma vez que interfere na linha produtiva do proletário e em seu próprio bem estar. A priori, o desgaste físico e mental do trabalhador é fator preponderante para a interferência na produtividade do mesmo. Isso ocorre devido à elevada carga horária de trabalho prevista na Constituição Brasileira, na qual a incompatibilidade da relação esforço-recompensa é recorrente. Em um panorama como esse, a produção muitas vezes é interrompida por conta do cansaço e da sobrecarga do trabalhador, o que reflete em faltas, atrasos e demissões. Assim, analogamente ao filme "Tempos Modernos", o proletariado se vê preso à esfera laboral, submetendo-se a condições adversas de trabalho. Ademais, a necessidade do compromisso excessivo com o emprego é agente direto em alterações nas relações interpessoais. Isso se dá em virtude da gradativa urgência de estar sempre otimizando o tempo cotidiano com feitios laborais, a fim de produzir mais e alcançar êxito profissional. Nesse sentido, a falta de tempo oriunda de tal panorama interfere no convívio familiar e social, que pode ser prejudicado e, assim, gerar frustração pessoal. Exemplo de desapontamento frente às expectativas esperadas é a fatalidade que ocorreu no Rio de Janeiro, em agosto de 2016, onde um homem se suicidou após matar a mulher e os dois filhos, por conta de uma desilusão profissional e financeira. Pode-se verificar, portanto, o significativo impacto que uma jornada de trabalho elevada pode gerar, visto seus efeitos deletérios na esfera produtiva, social e psíquica do proletário. São necessários, nesse sentido, além da alteração legislativa da carga horária laboral, ações governamentais de fiscalização das normas previstas, por meio da obrigatoriedade do ponto eletrônico para todos os profissionais. É papel das corporações sindicais, também, por meio de informativos e debates públicos, a busca pela mobilização dos trabalhadores a fim de conscientizá-los de seus direitos trabalhistas. Assim, talvez, a harmonia social possa ser atingida e as garantias do trabalhor, enfim preservadas e respeitadas.