A III revolução industrial trouxe ao cenário mundial avanços tecnológicos com o intuito de mecanizar e aumentar a produção do mercado. Dessa maneira, a sociedade esperava ver cada vez menos à participação do ser humano no sistema produtivo, mas a recente declaração do presidente da Confederação Nacional das Indústrias, no Brasil, em que defendia o aumento da jornada de trabalho para 80 horas, mostrou um rumo oposto ao esperado. Em suma, cabe analisar até que ponto esse aumento prejudica as questões humanas e psicológicas dos trabalhadores. Primeiramente, nota-se que longas jornadas de trabalho interferem na saúde e no comportamento do indivíduo. De acordo com os pesquisadores da Universidade de Massachusetts, as pessoas que fazem hora extra têm 61% mais chances de ter problemas de saúde. Em vista disso, o aumento de pessoas com depressão, hipertensas e com outras patologias vem crescendo constantemente, na sociedade atual. Em 16 anos, o número de mortes relacionadas com depressão cresceu 705% no Brasil, segundo o Estado de S. Paulo, mostrando que há uma correlação entre saúde e horas trabalhadas. Além disso, o comportamento humano das pessoas pode sofrer alterações graças ao estresse gerado no ofício de cada pessoa. O Brasil é o segundo país com maior nível de estresse, segundo levantamento da Associação Internacional do Controle do Estresse. A compreensão dessa pesquisa passa pelo fato do Brasil ter uma das maiores jornadas de trabalho, sendo de 44 horas semanais, 6 a mais que os EUA e 9 a mais que a França. Desse modo, as pessoas estão perdendo a paciência cada vez mais rápido, alterando as relações comportamentais no trânsito, no trabalho e no ambiente familiar. Fica claro, portanto, que aumentar a jornada de trabalho é um retrocesso na sociedade brasileira, prejudicando a saúde dos trabalhadores e piorando as relações sociais entre os indivíduos. À longo prazo, o governo deve discutir com a população, com os sindicatos e com os empresários, medidas que reduzam a jornada de trabalho sem prejudicar nenhum setor, seguindo a tendência dos outros países. Ademais, o governo deve oferecer tratamentos com psicólogos e atividades de lazer, com o intuito de diminuir sintomas da depressão e melhorar a qualidade do ambiente de trabalho. Está na hora do ser humano parar de ser tratado como máquina, em pleno século XXI.