Título da redação:

A inércia frente adaptações

Tema de redação: A questão da inclusão das pessoas com deficiência

Redação enviada em 13/10/2016

É natural do ser humano o hábito de diferenciar as coisas ao seu redor: plantas, constelações, animais e até sua própria espécie. Este último, porém, pode acarretar em preconceito de uma maioria sobre uma minoria. No caso, os deficientes físicos e mentais, que representam 23,9% da população brasileira, são alvos de preconceito, o que os leva facilmente à exclusão social. A sua discriminação social não é de agora. Sua base é histórica. A relação entre a sociedade e pessoas deficientes é relativa às questões culturais e sociais de determinadas épocas. Independentemente desses fatores, a história sempre foi cruel. Os deficientes já foram vistos como anômalos e até mesmo representações do mal. Assim como o filósofo Michel Foucault teorizou, a sociedade impõe instituições sociais para disciplinar e corrigir quem foge dos padrões comuns e “normais” às pessoas. É por tal motivo que, muitas vezes, os deficientes eram enviados para viver em igrejas, hospitais e manicômios, sendo recluídos da vivência externa às instituições. O sentimento de repressão também é sentido fora das instituições. Há de notar-se personagens literários que transmitem muito bem isso: Sem-Pernas (de “Capitães da Areia”) e Eugênia (de “Memórias póstumas de Brás Cubas”). O primeiro, devido sua deficiência física, possui um peso tão grande dentro de si, advindo de humilhações e exclusões, que se suicida. A segunda, no entanto, sofre preconceito e o protagonista a vê de forma irônica – “Por que bonita, se coxa?”, pensa Brás, num trecho do livro. No entanto, é apropriado afirmar que tal pensamento pode representar não só o olhar da sociedade do século XX, mas também a de hoje. Atualmente, embora ainda haja preconceito, existem leis que visam a inclusão para deficientes, porém, suas aplicações são precárias. Problemas estruturais, como calçadas esburacadas, sem rampas e pisos táteis, dificultam ou até inviabilizam a locomoção de cadeirantes e deficientes visuais. A comunicação com surdos e mudos também é quase inexistente, pois não é ensinado libras nas escolas, e poucas pessoas estão interessadas em aprender. Ainda na questão da educação, deficientes mentais estudam em escolas diferentes, o que apenas acentua a divisão entre pessoas “normais” e “especiais”. Como se não bastasse, eles encontram problemas para ingressar no mercado de trabalho, pois suas deficiências são constantemente associadas à incapacidade. Assim, há de se analisar que pessoas deficientes têm uma vivência limitada, em razão da forma que são tratadas pelo governo e pela sociedade. A deficiência, por sua vez, não deve ser limitante, pois ela tem adaptações. Não é à toa que um dos grandes artistas brasileiros foi Aleijadinho, com suas esculturas barrocas. Tendo em vista os fatos citados, medidas hão de ser tomadas. Cabe ao governo federal instituir a obrigatoriedade do ensino de libras em escolas de ensino fundamental, e também a elaborar medidas que adaptem as escolas para receberem deficientes mentais. As prefeituras necessitam fazer manutenção de suas ruas, sem exceção de área, permitindo acessibilidade a quem precisa. Por fim, somente com propagandas, debates públicos e escolares, que as pessoas poderão tomar conta da realidade dos deficientes e as injustiças vividas pelos mesmos. Assim, o preconceito pode diminuir, aumentando uma maior inclusão no ambiente de trabalho e no convívio social.