Título da redação:

A deficiência que também faz parte do processo evolutivo

Tema de redação: A questão da inclusão das pessoas com deficiência

Redação enviada em 11/08/2016

A seleção natural, desenvolvida por Darwim, seleciona os indivíduos melhor adaptados ao meio. Há algum tempo, por conta de avanços na Medicina, as pessoas portadoras das mais diversas deficiências puderam ser inclusas no seleto grupo da evolução. Contudo, apesar de terem desenvolvido a possibilidade de fazer quase as mesmas coisas que um ser humano normal, a sociedade – que, desde a Antiguidade Clássica valorizava a perfeição humana, até a contemporaneidade, responsável pela disseminação de um ideal de beleza quase que inalcançável – as exclui de participar da vida social, econômica e política. Para enxergar a deficiência como uma condição natural foi preciso que a Revolução Industrial aliasse o desenvolvimento tecnológico ao interesse pela educação. Esse interesse propiciou o início do atendimento aos deficientes, bem como o aparecimento da educação especial destinada a um movimento de inclusão. Em uma tentativa de melhorar a realidade de portadores de deficiência no Brasil, a ex-presidenta Dilma Roussef, em 2015, sancionou a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, LBI, que, entre outros, aumentou a punição para quem desrespeita direitos de pessoas com deficiência e proibiu atos discriminatórios, como a cobrança de mensalidade escolar mais cara. A LBI entrou em vigor no início de 2016, em um momento crítico no qual o país luta para adequar socialmente os mais de 1489 casos, segundo o Ministério da Saúde, de bebês portadores de microcefalia, consequência de um surto recente de zika. Porém, ao se verificar a realidade enfrentada por portadores de deficiência no país, é possível perceber que há projetos e leis, porém restritos, na maioria das vezes, apenas ao papel. Constituem-se em ações não permanentes, pois a cada mudança de governo são interrompidas e substituídas por outras para contemplar o projeto governamental de quem está no poder. Esse raciocínio é facilmente comprovado na dificuldade que deficientes encontram ao tentar utilizar o transporte público, na busca por escolas qualificadas ou centros de terapia motora e funcional, na inserção no mercado de trabalho, etc. Caso as leis realmente funcionassem, a qualidade de vida de pessoas com necessidades especiais seria diferente. A criação de projetos eficazes que resguarde o direito desses indivíduos beneficiaria ambos os lados: atualmente, portadores de alguns tipos de deficiência atingiram grandes avanços médicos, o que os torna aptos a estudar e posteriormente trabalhar, tornando-se mola motora para o processo de desenvolvimento do país. A fim de mudar o quadro de marginalização dessas pessoas é preciso que o Governo trabalhe com campanhas que alterem a visão social preconceituosa com relação a deficientes, desenvolva projetos de inclusão escolar, fiscalize os estados e municípios quanto ao acatamento à legislação vigente, além de disponibilizar maiores verbas para programas sociais e centros especializados. O papel das ONGs é fundamental para incentivar a criação de grupos nas redes sociais de autoajuda e para a promoção de eventos que celebrem a inclusão. A diferença é o que faz do Brasil um país único, e abraçá-la é fundamental para que a nação se consolide como uma verdadeira democracia.