No livro "Vidas Secas", do autor modernista Graciliano Ramos, é retratada a história de uma família que sofre pela fome, fazendo-a migrar de uma região para outra em busca de alimento. Trazendo essa história para a atualidade, a desigualdade social faz com que muitas famílias ainda encontrem-se em situações análogas àquela retratada no romance, sendo necessária a discussão acerca da fome em âmbito nacional e os meios para combate-la. Em primeiro plano, é necessário analisar a má distribuição de renda como geradora da problemática. O filósofo alemão Max Horkheimer, em sua teoria da sociedade do consumo, diz que com a produção massiva de produtos, as pessoas são tentadas a consumir cada vez mais. Entretanto, apesar da grande produção de alimentos após a Revolução Verde, devido aos novos equipamentos agrícolas, uma parcela social não consegue ter acesso a este alimento. Isso ocorre por consequencia da concentração de renda, vinda desde a sociedade escravocrata, em que uma mínima parcela social detém a maioria do dinheiro, tornando grande parte da renda mensal familiar insuficiente para cobrir gastos com necessidades básicas, gerando ainda mais fome. Ademais, o descaso governamental para com essas famílias mostra-se como fator contribuinte com essa intempérie. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 3,5% da população sofre de fome todos os dias em território nacional, principalmente na região Nordeste, em que o clima quente e seco, derivado da Massa Equatorial Atlântica, não favorece a produção de alimentos. Tal fato, por ser negligênciado pelo Estado, deixa a região carente em relação ao comércio alimentício, contribuindo para o aumento dessa porcentagem brasileira que sofre com a falta de comida hodiernamente. Em suma, medidas são necessárias para combater essa problemática. Por intermédio do Estado, é importante a implantação de mais vagas para cotistas de baixa renda nas universidades, buscando fornecer uma capacitação profissional para que as famílias que passam fome consigam um emprego com um salário mais justo e suficiente para a compra de alimentos. Além disso, o Governo Federal deve aumentar o valor mensal fornecido pelo programa Bolsa Família, facilitando o acesso aos produtos e diminuindo a porcentagem dos que sofrem com a fome. Com essas medidas, será possível caminhar para um país em que não existirão mais famílias como a descrita por Graciliano.