Na obra, ``Vidas secas´´ do escritor modernista Graciliano Ramos, é retratada a miséria e a seca vivida por uma família de retirantes no sertão nordestino. Analisando a obra do autor, no contexto atual, essa realidade ainda perpetua-se no Brasil. Isso porque um dos principais fatores para miséria da nação é a desigualdade social oriunda da má distribuição de renda somado, ainda, a falta de solidez de políticas públicas. Embora o país tenha um dos maiores desenvolvimentos econômicos derivado das práticas agrícolas, nota-se que a concentração fundiária é uma das causas que intensifica o cenário de pobreza. Em virtude dessa desigualdade social, mais de 7 milhões de pessoas convivem com a fome, segundo documento divulgado pelo IBGE. Diante disso, cabe observar que muitas famílias oriundas, principalmente, de regiões Norte e Nordeste que residem no meio rural e são dependentes de pequenas plantações vivem sobre um cenário de mazela, já que são desprovidas de recursos necessários para a prática agrícola. Logo, esse diagnóstico aponta, necessariamente, para a urgência de um amplo processo de redistribuição da riqueza nacional. Além disso, convém pontuar também a falta de solidez de políticas públicas nesse âmbito. Isso porque é perceptível que mesmo com a criação de projetos, como a Fome Zero e bolsa família, não são suficientes, já que outro problema maior está nos altos índices de desemprego. Nesse sentido, cabe analisar o pensamento do sociólogo Zygmunt Bauman, quando ele diz que é característica da ``modernidade líquida´´ a insuficiência de consistência nas relações sociais, políticas e econômicas, fator que se ascende na sociedade brasileira. Dessa forma, mediante das situações de vulnerabilidade que muitas famílias brasileiras se encontram, instalam-se várias doenças da fome que, lamentavelmente, matam pessoas diariamente. Fica evidente, portanto, a necessidade de coibir à problemática da fome no Brasil. Dessa forma, cabe ao Governo Federal, por meio da sua gestão pública em conjunto com a Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), acelerar a reforma agrária para que as famílias que vivem sobre situações de vulnerabilidade tenham a garantia de acesso às condições e assistências necessárias. Ademais, compete também ao Governo Federal investir na inclusão do indivíduo no mercado de trabalho, por intermédio de criações de instituições de cursos técnicos gratuitos, somado, ainda, a reformulação dos projetos auxiliares (Fome Zero e bolsa família) a fim de reduzir a pobreza e também a desigualdade social. Assim, o cenário de miséria da nação só irá fazer parte da obra do autor Graciliano Ramos.