A Revolução Verde, iniciada no final da década de 1940, caracterizou-se pelo conjunto de inovações tecnológicas no setor agrícola, com a justificativa de tentar amenizar a problemática da fome nos países em desenvolvimento. Entretanto, mesmo com o aumento significativo da produção proporcionado por tal medida, a questão não foi resolvida, visto que atualmente ainda assola milhares de pessoas no Brasil e no mundo. Segundo dados do IBGE, existem mais de 7 milhões de brasileiros que convivem diariamente com a falta de alimento. Ao levar em consideração o vasto potencial agrícola do país, a estatística se mostra contraditória, já que a quantidade produzida seria suficiente para abarcar toda a população. Contudo, um dos fatores que fazem da fome uma mazela socioeconômica recorrente no Brasil é a má distribuição de renda, haja vista a concentração de capital nas mãos da minoria, tornando os desfavorecidos submetidos a uma condição de pobreza estagnada sem possibilidade de ascensão social e consequente melhora da qualidade de vida. Dentro desse contexto, nota-se que o problema da fome está distribuído em todo país, porém concentrado principalmente na zona rural. Desta forma, fica evidente que tal mazela tem maior incidência nas localidades menos desenvolvidas, onde a população é castigada não só pela negligência do governo e desigualdade social, como também pela seca, realidade esta ilustrada na obra “Vidas Secas” do autor modernista Graciliano Ramos. Em contrapartida, nas regiões mais industrializadas, observam-se elevados índices de desperdício, o que torna explícita a má gestão e distribuição dos alimentos, configurando uma sociedade contrastada entre o excesso e a escassez. Assim sendo, são necessárias medidas que busquem reduzir de forma significativa a incidência da fome no país, tendo em vista seus fatores motivadores. Segundo o sociólogo Gilberto Freyre, sem um fim social, o saber se torna a maior das futilidades. Logo, recomenda-se que a Receita Federal destine verbas para a melhora do ensino público nas regiões mais afetadas, através da construção de novas escolas e bibliotecas, de forma que através da educação seja possível a entrada no mercado de trabalho e melhora da qualidade de vida daqueles atingidos pela problemática. Aliado a isso, a disseminação de campanhas contra o desperdício, visando a conscientização da sociedade, e com isso estimular também a doação de alimento aos locais onde a situação é crítica e precisa de imediata intervenção.