No meio do caminho tinha uma pedra. Nesse trecho do poema de Carlos Drummond de Andrade, que se refere aos obstáculos da vida, vem de encontro com a questão da fome e seus fatores motivadores que o Brasil foi convidado a discutir e combater. Uma vez que é um problema muito presente e se apresenta como um obstáculo para o desenvolvimento da sociedade brasileira em pleno século XXI. É importante pontuar que o Brasil é um país que possui extensões continentais e clima bastante favorável à agricultura, sendo assim, tem o potencial de gerar alimento para toda a população. Todavia, cerca de sete milhões de pessoas sofrem de carência alimentar, de acordo com o instituto de geografia e estatísticas (IBGE). Isso tem fundamento na constituição do tecido social brasileiro com a má distribuição de renda e terras no passado, como seis maria e leis de terras, as quais favoreceram apenas os ricos na obtenção de áreas férteis para o plantio. Exemplo disso, a maioria dos lotes estão nas mãos de minorias, os latifundiários. Logo, quem não tem recursos são obrigados a viver na miséria ou praticar êxodo rural retratado na obra “vidas secas” de Graciliano Ramos, em que uma família Nordestina foge do sertão com o intuito de não sucumbirem a seca e a fome. Ademais, o Governo com aspirações de amenizar esses índices, criou o Bolsa Família que consiste em esmolas para os menos favorecidos sobreviverem numa sociedade heterogênea. É importante pontuar ainda que o estado é um grande produtor de gênero alimentícios, com tecnologia de ponta na agricultura intensiva. Dessa forma, não falta comida ou, em teoria, não deveria faltar. Entretanto, as produções são direcionadas às exportações, visto que o interesse dos produtores são os lucros, com isso, desfalca o mercado interno. Além disso, há muito desperdício de mercadorias durante o transporte em vias precárias, associadas as redes de supermercados que jogam fora itens considerados fora do padrão comercial, porém ainda tem serventia para o consumo e ao reaproveitamento. Isso corrobora com a escassez e os altos preços desses artigos . Por um lado abundância na produção de alimentos, por outro, não consegue alimentar toda a população. Assim, a problemática persiste, intrinsecamente, ligada à realidade do país. É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir a segurança alimentar dos filhos da pátria. Desse modo, medidas devem ser tomadas para que esse ideal seja alcançado. Nesse sentido, urge que o Governo deve promover, por meio do ministério da agricultura, uma reforma agrária a fim de obter uma distribuição de terras mais justa que outrora. Associada a disponibilização de recursos financeiros para pequenos agricultores com o fito de estimular a agricultura familiar extensiva. Assim, obter mais ofertas e acesso aos alimentos no mercado interno. Além do mais, fazer parcerias com exportadoras e supermercados com propósito de arrecadar alimentos que não serão comercializados e criar um mercado comunitário direcionados aos pobres. Quem sabe, então, seja possível tirar essa pedra no desenvolvimento da nação.