A Magna Carta brasileira garante que alimentação, saúde, moradia são direitos sociais. Todavia, como há um distância abissal entre o arcabouço normativo e a realidade prática, há desafios para solucionar a questão da fome no Brasil. Nesse contexto, devem-se analisar como a negligência estatal e a falta de interação e preocupação social são fatores para essa questão. De acordo com o filósofo São Tomás de Aquino, a dignidade humana deve ser garantia a todos os indivíduos independente da classe social. Contudo, observa-se, hodiernamente, descaso com a manutenção dos direitos sociais das pessoas que convivem com a insegurança alimentar, como consequência agrava um crescente estado de desigualdade social no país. Sobre essa óptica, segundo o documento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 7 milhões de pessoas convivem com a fome no Brasil. Dessa forma, analisa-se a indolência do Estado perante essa problemática - rompendo-se, assim, com a ideia Aquiniana. Desse modo, é necessário que o governo invista em políticas públicas de combate à fome. Ademais, deve-se analisar o posicionamento da sociedade diante da perpetuação da subnutrição no país. Nessa perspectiva, no viés social, os estigmas do individualismo corroborados pelo caráter efêmero das relações interpessoais - como presumiu Zygmunti Bauman - acarretam uma naturalização dessa problemática pelos indivíduos. Dessa maneira, ocasiona uma cadeia de dificuldades - seja no trabalho das Organizações Não Governamentais (ONGs) frente esse quadro, seja na construção de mentalidades mais solidária e altruístas no território nacional. Urge, portanto, que medidas sejam feitas para solucionar essa questão. Primeiramente, é urgente que o Congresso Nacional, mediante uma alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias, possa propor mais investimento no setor agrícola, por meio do incentivo na agricultura local e intensificação na capacitação da população agrícola. Além disso, o Ministério da Educação, em conjunto com as instituições de ensino, deve adotar o modelo “escola cidadã” proposta por Paulo Freire, abrindo debate nas aulas de sociologia e realizando palestras sobre questões humanitárias, para romper com individualismo e engajar as gerações futuras no problema da fome. Dessa maneira, é possível garantir os direitos estabelecidos na Carta Magna brasileira.