Na obra Vidas Secas do escritor Graciliano Ramos, a temática da fome como reflexo da seca é retratada sob a sua mais dura face. Uma vez que esgotados os recursos e obrigados a migrar a família de Fabiano chega a sacrificar seu papagaio de estimação para matar a fome dos retirantes. Infelizmente, esse quadro de privações não ficou restrito à realidade retratada nos romances de 30 e hoje o Brasil ainda enfrenta o problema da fome que urge por soluções concretas. Em primeiro lugar, cabe ressaltar a desigualdade histórica da ocupação do território ao longo dos vários ciclos desde a colonização, que canalizou esforços de forma intermitente nas diversas regiões do país. Prova disso, é a desigualdade enfrentada por boa parte dos habitantes do Norte e Nordeste, onde a carência de ações públicas que garantam a efetiva dignidade do direito à alimentação daqueles que também contribuem para o crescimento da nação por meio de sua força de trabalho, reforça ainda mais o abismo entre os diferentes lugares das terras tupiniquins. Todavia, vale lembrar a força da agricultura no Brasil que hoje ocupa o 4º lugar mundial na produção de alimentos, segundo relatório divulgado no ano de 2014 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. No entanto, no mesmo relatório é mostrado que 50% da produção é perdido por falta de infraestrutura. Dessa forma, o quadro que é apresentado mostra uma superprodução acompanhada da má distribuição de alimentos àqueles que mais precisam. Assim, faz-se necessário que medidas sejam tomadas para sanar este problema. Fica claro, portanto, diante do que foi exposto que o Brasil ainda enfrenta o problema da fome, mas, a produção nacional é capaz de pôr fim a esse sofrimento. Dessa maneira, cabe ao Governo por meio dos Ministérios do Planejamento e da Agricultura a elaboração de um plano nacional que contemple melhorias nas vias de escoamento da produção, por meio de obras de revitalização e ampliação. Mais ainda, cabe ao Governo por meio dos órgãos de ação social nos municípios, estabelecer programas de afirmação do direito dos brasileiros à alimentação, como medidas de distribuição de alimentos àqueles que estão em situação de vulnerabilidade alimentar. De tal sorte, que evitando desperdícios e garantindo o acesso daqueles que mais precisam o Brasil poderá superar o problema da fome e promover bem-estar social aos brasileiros.