Em seu livro, “O Contrato Social”, Rousseau disse que a natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável. Nessa concepção, a fome no Brasil corrobora o pensamento do filósofo, haja vista que, em pleno século XXI, ainda compromete garantias constitucionais de milhões brasileiros. Por isso, faz-se necessária uma análise dos caminhos a serem tomados na luta contra esse mal. Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que a Carata Internacional dos Direitos Humanos estipula a alimentação adequada como um direito fundamental do indivíduo. Destarte, é dever do Poder Público fazer cumprir essa determinação. Todavia, isso parece não estar acontecendo, pois, segundo dados divulgados pelo IBGE, em 2014, mais de 7 milhões de brasileiros ainda convivem com a fome no país. Logo, essa informação evidencia a falha do Estado na garantia de direitos fundamentais a esses cidadãos. Nesse contexto, vale lembrar que os poderes político e econômico encontram-se intimamente ligados numa relação desarmônica, a qual, na maioria das vezes, favorece o capital em detrimento da justiça social. Aliás, conforme Karl Marx, a desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas. De fato, percebe-se que, na atual conjuntura excludente, o poder do Estado Mínimo é medido apenas por sua capacidade de atrair investimentos. Por conseguinte, milhões de pessoas continuam em situação de insegurança alimentar e, consequentemente, marginalizadas na sociedade brasileira. Fica claro, portanto, que essa conjuntura precisa mudar. Como forma de garantir isso, é mister que o Governo Federal, em parceria com estados e municípios, para um amplo alcance, invista na ampliação de programas como o “Bolsa Família”, com a finalidade de atender as famílias mais carentes de forma urgente. Em consonância, as ONGs têm o papel precípuo de pressionar os congressistas, com abaixo-assinados e manifestações, no intuito de agilizar a tomada de medidas contra a fome. Assim, o Brasil poderá manter o contra social descrito por Rousseau, ao criar uma sociedade mais igualitária e coesa.