Na década de 80 o Brasil vivia circunstâncias precárias de fome, em que quase 40% da população estava em situação de extrema pobreza. Hoje, mesmo com a criação de programas para combater esse problema, como a Fome Zero e o Bolsa Família, a subnutrição crônica é uma das principais causas de morte no país. Visto a presença de uma desigualdade marcante, concentração fundiária, secas e o modelo agroexportador adotado na economia, a subalimentação persiste ano após ano. Primeiramente, sabe-se que o Brasil possui uma enorme extensão territorial com alto potencial agrícola. Entretanto, a existência de uma centralização fundiária e de renda, na qual são beneficiados os grandes latifundiários, gera mais pobreza e, consequentemente, mais desnutrição nas camadas sociais de menor poder aquisitivo. Ademais, as diversas secas enfrentadas, principalmente no Nordeste, tal como retratado no poema “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, dificultam ainda mais a saída dessas pessoas de uma conjuntura de miséria e fome. Em segundo lugar, cabe citar que a Emenda Constitucional 64/2010 estabeleceu a alimentação como direito social, porém percebe-se que não é respeitada ao analisar os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que mostram o fato de mais de sete milhões de brasileiros passarem fome diariamente. Nesse contexto, verifica-se que isso é fruto de uma desigualdade social acarretada pelo sistema capitalista, em que enquanto os detentores de dinheiro não sofrem com a falta de alimentos, aqueles de baixa renda lutam para conseguir comprar uma cesta básica por mês. Assim, nota-se que a disparidade econômica existente entre as classes sociais brasileiras é um empecilho para a erradicação da subnutrição, aumentando, paulatinamente, a possibilidade da nação voltar a cair no mapa da fome da ONU. Baseado nos argumentos apresentados, fica claro, portanto, que são necessárias novas medidas. Cabe ao Poder Executivo incentivar as empresas multinacionais de comestíveis a doar uma parte da sua produção a instituições voltadas para a distribuição gratuita de alimentos a pessoas de baixo poder econômico, que não possuem uma renda condizente para suprir as suas necessidades nutricionais básicas, a fim de reduzir o número de indivíduos que sofrem com a escassez de comida. Isso deve ser realizado por meio da isenção ou diminuição de impostos daquelas corporações que participarem desse projeto. Desse modo, os índices de fome no Brasil diminuirão.