No clássico da literatura contemporânea - A menina que roubava livros - a família da jovem Liesel se vê diariamente preocupada com a possibilidade de não terem o que comer no dia seguinte, chegando ao ponto de só realizarem duas refeições diárias, tentando ,assim, adiar ao máximo o eminente quadro de fome. De modo semelhante, muitas famílias brasileiras encontram-se em situação de insegurança alimentar devido, principalmente, a falta de recursos, desemprego e problemas que atingem a agricultura familiar de subsistência. Segundo uma pesquisa realizada pela PNAD/IBGE em 2011, o percentual de lares que sofrem algum tipo de restrição alimentar é de 22,6%. Dentre esse total, 3,2% enfrentam a fome, e os que ainda não ficaram diante desse cenário extremo, no mínimo, já passaram por algum tipo de privação no que diz respeito a sua alimentação diária. Uma razão para essa problemática é o desemprego que assola muitos trabalhadores colaborando para que não consigam levar comida com uma maior fartura para dentro de suas casas. Quanto mais a crise econômica se agrava mais brasileiros perdem seus empregos e consequentemente passam a enfrentar problemas financeiros que os deixam a margem da fome. Outrossim, grupos que praticam agricultura de subsistência entram nessa estatística pois suas terras muitas das vezes se tornam improdutivas, impossibilitando o cultivo em escala significativa e o que tem sido observado nos últimos anos devido a esses transtornos é a venda dessas pequenas propriedades, forçando seus proprietários a buscarem outra atividade econômica como fonte de renda, para que estes não enfrentem mais o medo da escassez de alimentos. Um exemplo dessa realidade é o que aconteceu em algumas localidades rurais do sertão nordestino, em que pequenos agricultores venderam suas terras, que não eram mais produtivas, para empresas geradoras de energia eólica melhorando assim a situação financeira das famílias carentes. Portanto, diante dos fatos apresentados é inegável que famílias brasileiras ainda enfrentem problemas relacionados à alimentação. Cabe, portanto, ao Estado a criação de projetos que deem auxílio financeiro, para que quem enfrenta esse problema possa ter condições de gozar de uma alimentação saudável, e a fim de que não passem pelos mesmos problemas que a família da jovem que roubava livros enfrentou. Ademais, o Ministério da Agricultura deve auxiliar os pequenos agricultores, lhes proporcionando treinamento e acompanhamento para que eles sejam mais preparados para enfrentar as adversidades nas plantações.