Título da redação:

A verdadeira revolução.

Tema de redação: A questão da fome no Brasil e seus fatores motivadores

Materiais:

Redação enviada em 29/09/2018

Na década de 1960, a Revolução Verde redefiniu os parâmetros de produção e consumo de gêneros agrícolas. Essa mudança, a princípio, tinha como meta erradicar a fome no mundo a partir de técnicas de manipulação de plantas que aumentavam a resistência das plantações. Nesse contexto, o Brasil, que é um país marcado pela concentração fundiária e pela má distribuição de renda desde a colonização, conseguiu incrementar a produtividade. Contudo, fatores financeiros fazem com que a insegurança alimentar perdure até hoje. Nesse ínterim, fica evidente que essa problemática persiste devido à falta de ações governamentais que promovam uma efetiva redistribuição de renda para a alimentação e uma distribuição mais racional dos alimentos produzidos. Segundo o IBGE, mais de sete milhões de brasileiros convivem com a fome, e a maioria concentra-se no Nordeste e Norte do país. Esse fato pode ser analisado à luz do pensamento do sociólogo Pierre Bordieu, o qual afirma que a desigualdade social é a síntese de práticas econômicas simbólicas. Isso significa que, nos estados em que a segregação social sempre foi preponderante, a permanência dos latifúndios, como marca histórica, define a pauperização da qualidade de vida da população. Dessa forma, como a tecnologia usada na agricultura é cara, somente os mais ricos têm acesso a ela, e os pequenos produtores perdem espaço. Outrossim, de acordo com o sociólogo Michel Foucault, o poder é exercido de formas sutis, e as instituições fazem parte disso. Nesse sentido, percebe-se que grandes multinacionais agrícolas, como a Monsanto, controlam boa parte de tudo que é produzido no mundo, uma vez que a tecnologia que criam é altamente específica. A partir disso, o quesito capitalista é beneficiado, e não o humanitário, pois não há garantia da correta destinação dos produtos aos que necessitam. A fome no Brasil, portanto, é fruto de problemas históricos do país e da preponderância do capitalismo. Assim, cabe ao Poder Legislativo elaborar uma lei que promova a segurança alimentar. Para isso, deve definir a criação de cestas básicas distribuídas mensalmente pelo governo, que devem ser destinadas somente às pessoas carentes. Ao Ministério da Agricultura, cabe o papel de definir a obrigatoriedade, para grandes empreendimentos agrícolas, da venda de parte da produção ao governo a preços mais baixos, com o fito de montar as cestas de gêneros básicos. Somente com essas medidas haverá uma verdadeira revolução no atual cenário da fome.