"A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos doces". A frase do filósofo grego Aristóteles permite-nos refletir, de forma análoga, sobre um problema persistente em nossa sociedade: a evasão escolar. Sob esse aspecto, convém analisarmos as principais causas e consequências dessa problemática. Em primeira análise, é possível afirmar que, apesar da Declaração Universal dos Direitos Humanos, imposta pela ONU, garantir, parcialmente, a todo ser humano o direito à instituição de educação e ensino, certamente não considerou aqueles que abandonaram estas instituições. Muito se cogita que a justificativa pela evasão pode ser dada por questões socioeconômicas dos alunos, que precisam largar os estudos para trabalhar e gerar renda. Ademais, a gravidez precoce é outro problema preocupante, visto que obriga as jovens a dedicarem todo seu tempo ao filho. Em consequência disso, percebe-se lamentavelmente um grande aumento de trabalhadores com cargos informais e, em casos extremos, da marginalização. Contraposto ao que foi abordado, o principal fator que proporciona a evasão escolar não são problemas socioeconômicos, mas sim, a falta de interesse dos próprios estudantes. De acordo com uma reportagem do Profissão Repórter, a maior parte dos entrevistados deixaram de ir à escola por motivos de reprovação, dificuldades de aprendizagem e de adaptação à grade curricular. De fato, as escolas brasileiras empenham-se apenas em transmitir conteúdos que, muitas das vezes, não são contextualizados ou não fazem parte do nosso dia a dia. Por outro lado, as chamadas Escolas de Referência de Ensino Médio (EREM) foram criadas com objetivo de dinamizar os métodos de ensino, posto que prometiam estudos teóricos no período da manhã e atividades práticas ao ar livre à tarde. Entretanto, a realidade não condiz com essa teoria; o que infelizmente se evidencia são aulas excessivas durante todo o dia e em condições caóticas de infraestrutura nas salas de aula. É nítido, portanto, que a causa da evasão escolar está concentrada tanto nos estudantes quanto nas instituições. Dessa forma, o Governo deve garantir educação a todos, por meio de investimentos em cultura, esportes, arte, dança e atividades dentro das escolas que, além de cativar os desinteressados, também possam gerar renda para os que enfrentam dificuldades financeiras, com a finalidade de assegurar a rematrícula dos ex-alunos e certificar que os que estão matriculados não irão abandoná-la. Sendo assim, as raízes da educação deixarão de ser amargas e passarão a ser doces, tal como seus frutos, conforme dito Aristóteles.