Título da redação:

A pobreza, a frustração dos adolescentes e a evasão escolar

Tema de redação: A questão da evasão escolar no Brasil

Redação enviada em 24/04/2017

Em relação à educação formal proporcionada apenas ao clero e à nobreza francesas, no século XVIII, é indubitável que a sociedade conquistou garantia de acesso a educação, direito preconizado na Constituição Federal. Entretanto, ainda verifica-se, notadamente, que a discrepância de renda das famílias é o principal fator de evasão estudantil no Brasil. Além disso, maior parte dos desistentes se tratam de adolescentes por causa do precoce desejo de independência pessoal, sobretudo quando se encontram nas camadas mais pobres da população. Isto é, constata-se que a ausência de oportunidades de desenvolvimento pessoal ocorreu em sociedades estratificadas em classes, onde os que constavam do menor grau hierárquico não gozavam de mobilidade social. Tem-se que a meritocracia presente nos concursos públicos e nas universidades públicas, na esteira das cotas para estudantes da rede pública, traz oportunidades iguais à jovens diferentes. Apesar disso, a evasão à educação formal, nas comunidades vulneráveis hodiernas, demonstra que as famílias com filhos são insuficientes financeiramente para satisfazer-lhes as necessidades básicas e tampouco seriam capazes de estimular-lhes o desenvolvimento pessoal. Carências em alimentação, higiene e lazer, incentivos como o exemplo bem-sucedido de vizinhos e falta de equipamentos como microcomputador, acesso à internet e até uma sala bem iluminada podem exemplificar essa realidade enfrentada por milhares de brasileiros. Nesse contexto, o maior número de adolescentes fora das escolas é, em última análise, uma questão de desejo por independência, principalmente financeira. Esse comportamento se evidencia pela a vontade de ser adulto e pagar as próprias contas. Apesar de isso ser produtivo para os jovens que possuem oportunidades de estágio em tempo parcial, traz muitos adolescentes para o subemprego e levam ocasionalmente à interrupção dos estudos. Ocorre que a vontade de ter os próprios bens, somada com a falta de oportunidades é mais frequente nas comunidades carentes. Nessas realidades sociais em que já havia a ausência de recursos, potencializa-se a frustração, o que gera o desrespeito pelos professores, o vandalismo nas escolas e o abandono escolar. Portanto, o que mais contribuiria para a redução dos níveis de evasão é uma reforma do sistema educacional, promovendo o incentivo à educação nos núcleos carentes por meio de subsídio de formação técnica para os pais e filhos adolescentes, em tempo parcial. Dessa forma, a família poderia concretizar a aquisição de materiais necessários para o desenvolvimento educacional de cada filho. Essa medida garantiria que pelo menos o pai e a mãe de cada jovem recebessem cursos profissionalizantes, desde que os filhos estivessem em dia no ciclo educacional público com notas superiores à média.