A questão da apropriação cultural voltou à tona no Brasil, recentemente. Tudo começou com o relato de uma menina branca, que usava um turbante e diz ter sido questionada por uma mulher negra, alegando que brancos não poderiam usar aquele adereço. Embora o assunto relativo à apropriação cultural tenha ganhado destaque nos últimos dias, o fato é que o tema gera controvérsias há anos. Primeiramente, cumpre destacar o conceito de apropriação cultural – é o momento em que um grupo de pessoas se apropria da cultura de outro povo, geralmente oprimido. O sentido antropológico, portanto, ressalta que não se trata de uma ação individual, e sim de um movimento com grandes proporções (tal como o existente na indústria da moda). Além disso, a ideia de apropriação cultural tem um viés negativo, na medida em que os objetos e adereços característicos de um povo, que são dotados de significados, passariam a ser banalizados quando utilizados por outros povos. O fato é que não se pode negar a legitimidade dos movimentos que se dizem contrários à apropriação cultural, pois no Brasil, realmente, várias manifestações culturais foram oprimidas, como as da população negra – principalmente na época da escravidão. Ocorre, porém, que essa discussão tem levantado verdadeiros muros entre as pessoas, em um debate irracional e pautado pela intolerância. Assim, o que se espera é que as pessoas sejam mais abertas ao diálogo construtivo, que procurem entender os argumentos do outro e que pratiquem o altruísmo. Somente através do respeito mútuo é que as diferentes culturas irão conviver harmoniosamente.