Tomada de elementos de uma cultura por um indivíduo de outra diferente caracteriza o termo "apropriação cultural", o qual, recentemente, virou um dos principais temas de discussão no Brasil. Como afirma o filósofo Aristóteles, é na cultura que encontramos o melhor conforto. Essa frase se aplica, principalmente, aos que carregam um passado histórico de marginalização social. Nesse contexto, é válido lembrar como negros e indígenas tiverem seus costumes e valores desprezados, desde o início da colonização. Sendo assim, para essas pessoas, a apropriação cultural pode parecer uma forma de tirar o que lhes restou desse período, ameaçando a manutenção de sua identidade. Isso pode explicar a postura das duas jovens negras que, na última semana, apontaram uma mulher branca que usava um turbante, que é símbolo da cultura negra, como inapropriada para usar o adereço. No entanto, sabe-se que é através das interações entre povos que muitos elementos são compartilhados e figurados como tão característicos de uma cultura. Como é o próprio caso do turbante. Ao passo que existem relatos que afirmam que o acessório veio em um navio europeu, para o Brasil, escondendo a cabeça raspada da esposa de D. João VI. Ao chegar aqui, foi aderido por mulheres negras e conservado até hoje. Além disso, é importante ressaltar que a apropriação cultural não é feita como forma de deboche, mas porque os indivíduos se identificam com determinados símbolos de outra cultura. Assim, ao tomarem para si, não colocam em risco a integridade do elemento cultural, mas contribuem para a sua disseminação na sociedade. Dessa forma, é interessante que a população entenda o significado desses elementos, sua origem e a qual cultura pertencem, a fim de contribuir para a conservação dessa na sociedade. Para isso, em parceria com o Ministério da Cultura, redes de televisão podem incluir em sua programação trechos sobre a história de determinadas culturas . Ademais, o Ministério da Educação deve incentivar as escolas a trabalharem a importância da interação cultural, para a formação de uma sociedade tão miscigenada como a brasileira, e para evitar a intolerância cultural.