Título da redação:

Os efeitos da apropriação cultural no Brasil

Tema de redação: A questão da apropriação cultural no Brasil

Redação enviada em 15/10/2017

Apropriação cultural é o uso de determinados elementos pertencentes a uma cultura ou etnia por outra sem a intenção de valorizá-la, ou seja, apenas pela beleza ou peculiaridade do artigo. Esse termo amplamente polêmico e atual traz como problemas: a perda do significado desses objetos e o desrespeito das marcas a essas culturas. Devido a essa situação, precisamos analisar os problemas, suas causas e seus efeitos para que, posteriormente, possamos buscar maneiras de solucioná-las. É indubitável que o capitalismo destrói parte da significação pertencente a um objeto. De acordo com o filósofo Karl Marx, o capitalismo na tentativa de sugar todas as possibilidades de lucro esquece o valor simbólico presente na origem dos objetos (a representação de uma divindade ou uso em um ritual) e supervaloriza aqueles que podem aumentar o lucro, como explicado pelo seu conceito do “fetiche de mercadoria”, ao levá-los aos desfiles de moda e tratá-los como exóticos. A exemplo disso, o estilista Marc Jacobs foi acusado de apropriação cultural ao trazer modelos brancas usando dreads (penteado que se popularizou na Jamaica como forma de resistência à cultura do branco durante a colonização europeia) na apresentação da sua nova coleção. Além disso, outro problema que contribui para as polêmicas sobre esse assunto é o desrespeito das marcas com as culturas a que os objetos pertencem. São inúmeros os casos de grifes que se apropriam de elementos culturais de algumas comunidades e não têm a intenção de dividir o lucro com aquela população. Isso é semelhante a usar a música de um autor, lucrar com isso e não pagar por esse uso – o que é crime segundo as leis de direitos autorais. Esse foi o caso da marca francesa Isabel Marant que utilizou na coleção de 2015 estampas tribais seculares pertencentes a uma comunidade mexicana sem consultá-las ou pagá-las por isso. A partir de tudo isso, percebemos que um dos principais problemas quando nos referimos a esse assunto é, sem dúvidas, a falta de informação sobre os elementos e as suas origens que levam a toda a situação descrita anteriormente. Vista a questão da apropriação cultural, os seus efeitos e problemas, medidas são necessárias para resolver o impasse. O Ministério da Cultura deve, portanto, promover palestras com sociólogos ou estudantes do tema e espalhar cartilhas ou panfletos que busquem esclarecer o que é a apropriação cultural, com a finalidade de diminuir a dúvida da população sobre esse tema. É importante também que as marcas, ao trazer elementos novos, busquem a origem destes e tentem valorizá-los pelos seus verdadeiros significados (já que é inevitável que, pelo menos, parte dos significados sejam perdidos no processo de globalização) e isso só poderá ser feito, se houver a prática do ativismo pelos clientes mais conscientes, promovendo a regulação e crítica sobre as propagandas para que a loja possa repensar suas ações. É imprescindível também que os órgãos internacionais de direitos das comunidades atuem também na verificação do uso inadequado de uma cultura e do pagamento dos “direitos autorais” dela. Só assim poderemos ter uma sociedade mais justa e que o processo de adoção de itens de uma cultura ou outra não traga problemas.