Título da redação:

O preconceito por trás da oposição à apropriação cultural no Brasil.

Proposta: A questão da apropriação cultural no Brasil

Redação enviada em 15/04/2017

Com o advento das revoluções industriais e da globalização, os estilos e hábitos norte-americanos foram fortemente internalizados por inúmeros países, inclusive o Brasil. Apesar disso ter sido uma estratégia comercial dos EUA, seria incoerente afirmar que se apropriar de culturas minoritárias como a afro-brasileira, significa desvalorizá-las, já que a difusão da moda africana, na verdade, deveria servir como um meio essencial para o reconhecimento e valorização dessa cultura. Apesar do termo "apropriação cultural" assumir um significado negativo no que se refere à difusão da moda africana entre os brancos, não é relevante se basear nesses meros conceitos para concluir que tal atitude é antiética. Até porque, assim como evitar se referir a alguém com a expressão "negro" é um preconceito mascarado, afirmar que apropriar-se dessa cultura é um mecanismo opressivo de um grupo "dominante" para com os negros, também é um ato preconceituoso, pois julga tal etnia sempre como vulnerável e inferior - o que contribui fortemente para que o mundo ainda veja o branco e o negro como desiguais. Segundo o imperador africano Haile Selassie, "enquanto imperar a filosofia de que há uma raça inferior e outra superior o mundo estará permanentemente em guerra." Logo, não há justificativas para tanta oposição contra uma atitude que só aumenta a tolerância quanto aos costumes provenientes da África. Prova disso é que se os negros fossem hostilizados por usar objetos e roupas provenientes da cultura europeia, como é de costume hoje, todos considerariam um total desrespeito e discriminação. Lamentavelmente, nesse caso as vítimas dessa ideologia equivocada não são só os brancos e a moda que se apropria da cultura afro-brasileira, pois muitos acreditam que se solucionará o racismo com a individualização da cultura africana, a qual, segundo diversas fontes históricas sequer foi apropriada exclusivamente pelos africanos. Faz-se necessário, portanto, que toda e qualquer ideologia que prejudique a valorização da cultura africana e a igualdade entre os povos seja silenciada. Desse modo, é imprescindível que o Ministério de Educação e Cultura (MEC) promova eventos como conferências e palestras, com a presença de educadores, estudantes, da população e de profissionais da moda em prol da aceitação à apropriação cultural, de modo que a cultura negra seja difundida não necessariamente através de um modelo negro, mas que o objetivo principal dos eventos estilísticos seja promover a aceitação de tal cultura, a qual foi desvalorizada por muito tempo e isso deve ser feito por intermédio do engajamento desses profissionais não apenas pelo lucro que a moda pode fornecer, mas essencialmente pela grande oportunidade de usar essa tendência como uma ferramenta para se opor à discriminação. Além disso, é indispensável que a mídia divulgue a causa, mostrando a importância da apropriação da cultura africana e fazendo com que as pessoas assimilem isso não como uma humilhação e posse dos hábitos pertencentes à uma nação e sim como um meio eficaz ao problema da desigualdade e aos equívocos que tentam mascarar o racismo.